Desde o início de fevereiro, a Associação Paranaense dos Ostomizados disponibiliza atendimento psicológico gratuito para pessoas com ostomia e familiares. Os atendimentos ocorrem todas as terças-feiras no período de 14h às 17h por ordem de chegada ou por agendamento prévio.
A psicóloga responsável pelos atendimentos é Thainá dos Santos Ribeiro, que atua com a abordagem de Análise do Comportamento. “Os atendimentos são indicados tanto para ostomizados que estejam passando, por exemplo, por dificuldade de aceitação da nova condição em que se encontram ou outros problemas, quanto familiares, que podem sentir dificuldades nessa adaptação à nova rotina”, explica Thainá.
A psicóloga fará os atendimentos de forma voluntária, contribuindo para o bem-estar dos pacientes atendidos pela APO. “O voluntariado transforma a realidade tanto de quem doa seu tempo quanto de quem é beneficiado pelo trabalho. Dedicar esse tempo nos faz não somente aprender com a prática, mas aprender com o outro. Nos enriquece pessoalmente e até mesmo profissionalmente, mas acima de tudo auxilia a comunidade”, afirma.
Para saber mais sobre os atendimentos, entre em contato pelo telefone 41 3079-5933 (de 2ª a 5ª feira, no período da tarde).
Após quase um ano lidando com as consequências da pandemia do coronavírus – não somente aquelas relacionadas à saúde, mas também as socioeconômicas e emocionais –, a chegada das vacinas contra o vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, é a grande esperança para dias melhores em 2021.
Uma vacina, como explica Guilherme Ferreira Silveira, doutor em Biociências e pesquisador em Saúde Pública na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem como objetivo apresentar ao organismo do paciente uma versão mais fraca de um patógeno (vírus, bactéria). Com isso, o organismo (mais especificamente o sistema imunológico) desenvolve uma memória sem que o paciente fique doente para isso. “Assim, caso o paciente entre em contato com o patógeno, esse encontro terá pouquíssima chance de levar a um quadro grave de doença”, explica Guilherme.
Apesar do tempo abreviado para a produção das vacinas contra o novo coronavírus, decorrente da urgência de uma imunização, o processo de desenvolvimento de uma vacina costuma ser complexo e, algumas vezes, extenso, já que é fundamental garantir não somente eficácia, mas também segurança. Para isso, há duas fases antes do processo de fabricação e distribuição: a pré-clínica e a clínica.
FASE PRÉ-CLÍNICA
Na fase pré-clínica, serão utilizadas técnicas laboratoriais e animais de laboratório para que se possa conhecer o funcionamento do imunizante. Nessa etapa também se desenvolve a posologia ou agenda vacinal – algumas vacinas são de dose única, outras necessitam de reforço. Esse período é conhecido como pré-clínico pois não envolve voluntários humanos. “Dado o rigor científico empregado em toda pesquisa biomédica, a grande maioria das vacinas candidatas são reprovadas nessa fase. Qualquer indício de que ela não seja segura ou que seja ineficaz leva à terminação do projeto, e este não irá avançar para as próximas fases”, relata o pesquisador.
FASE CLÍNICA
Havendo sucesso no estudo pré-clínico, passa-se para o estágio seguinte, que é a fase clínica, dividida em três etapas de aplicações da vacina em humanos. Apesar dos dados obtidos até então poderem sugerir a possível segurança e eficácia da vacina, apenas a pesquisa com voluntários pode realmente definir essas condições.
A primeira etapa da fase clínica envolve dezenas de voluntários saudáveis, sem comorbidades (doenças cardíacas, respiratórias, metabólicas, etc.), e que não tenham tido contato com o patógeno-alvo da vacina. “Na etapa 1, os cientistas estão preocupados com a segurança e a eficácia da vacina. Caso os voluntários respondam bem, sem sinais e sintomas decorrentes da vacina, isso indica que ela é segura e, caso essa vacina induza à resposta imunológica, ela será considerada eficaz”, explica Guilherme.
Com esses resultados sendo positivos, é possível partir para a etapa 2, que ainda se preocupa com a segurança e a eficácia. Nesse estágio, entretanto, serão avaliadas centenas de pessoas escolhidas aleatoriamente e serão incluídos voluntários que apresentem comorbidades. Como esse teste se aproxima mais de uma condição normal da população, ele permite certificar que o imunizante é seguro. A etapa 2, portanto, vai determinar se a vacina poderá ser administrada na população em geral. Nesse estágio, assim como nos outros, é esperado que uma pequena parte dos voluntários desenvolva sintomas. “Esses sinais e sintomas serão depois reportados na bula das vacinas, como possíveis efeitos adversos. É assim que os cientistas sabem, por exemplo, se pacientes grávidas podem tomar a vacina, ou se diabéticos podem ter contra indicações”, afirma o pesquisador.
Definidas as condições dos voluntários na etapa 2, e com resultados satisfatórios para a segurança e eficácia, a vacina segue para a etapa 3, que é o último estágio clínico. Agora o número de voluntários testados será na casa dos milhares, sendo que o alvo principal é determinar a eficácia. Vacinas aprovadas na etapa anterior são consideradas seguras, sendo que o estágio seguinte determinará também possíveis condições adversas, mas, principalmente, qual o número de pessoas que poderá desenvolver uma resposta imunológica eficaz.
Caso haja sucesso também nessa etapa, o imunizante pode ser considerado seguro e estará apto a avançar para a fabricação e distribuição.
TEMPO DE DESENVOLVIMENTO
De acordo com o biomédico, o tempo para o desenvolvimento de uma vacina é incerto: para patologias crônicas e mais raras, a conclusão de todas as etapas pode demorar vários anos; já para patologias agudas, em que um número grande de pessoas está suscetível, isso pode ser encurtado principalmente quanto à etapa 3 da fase clínica, na qual é necessário atingir um alto número de voluntários para receberem o imunizante. Esse segundo caso relaciona-se à realidade da COVID-19: dada a urgência de um imunizante graças ao estado de pandemia, há uma mobilização para que haja voluntários suficientes.
“Quaisquer pesquisas biomédicas devem ser pautadas pelos dados obtidos. Por isso, o tempo em si não é a principal preocupação”, aponta Guilherme. “Muitas características são necessárias para essa determinação. Caso sejam apresentados resultados claros e evidentes relacionados à eficácia e a segurança da vacina, o fato de terem sido obtidos em menos de um ano não seria o principal problema”.
Neste mês de janeiro a Associação Paranaense dos Ostomizados completa 32 anos de atividade. Em toda essa história nunca passamos por situações tão atípicas como as que ocorreram em 2020: cinco meses de portas fechadas sem poder atender nossos pacientes, sem reuniões mensais, sem os costumeiros eventos de confraternização e, pela primeira vez, sem realizar as atividades tradicionais relacionadas ao Dia Nacional do Ostomizados, no centro de Curitiba.
No entanto, mesmo com as dificuldades, acreditamos que neste ano as coisas serão melhores para os ostomizados atendidos. Com funcionamento da nossa sede entre segunda e quinta-feira, das 14h às 17h, por ora apenas os eventos, como é o caso das reuniões mensais, permanecem sem acontecer. Nosso principal objetivo para 2021 é manter os atendimentos com todos os protocolos de saúde relacionados à pandemia. Ao final do ano também teremos as eleições que definirão novos integrantes da diretoria da associação, e é importante que mais pessoas estejam preparadas para assumir essa nobre e recompensadora missão.
Cabe aqui um destaque: como já relatado em edições anteriores do Jornal APO, passamos por carência de novos voluntários, pois várias pessoas que ajudavam a associação precisaram se afastar por integrarem grupos de risco. Nosso quadro de voluntários está no limite e precisamos de mais pessoas. A atividade com maior carência é a de recepção – o voluntário recebe o paciente, elabora o cadastro, passa as primeiras orientações e o encaminha para o atendimento de enfermagem. Se você pode colaborar em uma tarde por semana ou conhece alguém que possa contribuir, entre em contato conosco com urgência.
Em 2021 só deixaremos de atender caso haja um agravamento expressivo da pandemia, porém nosso atendimento permanece limitado pela falta de pessoal. Participe da forma que puder, seja dedicando um tempo da sua semana, recomendando possíveis voluntários ou trazendo novas ideias. A APO é um corpo que depende de várias pessoas, e você pode exercer um papel determinante para que tenhamos um ano muito melhor do que o anterior!
Por: Glória Marcondes – Enfermeira estomaterapeuta e assessora técnica da Casex
O último mês do ano marca duas campanhas importantes na área da saúde: a primeira delas é o Dezembro Vermelho, um alerta para o vírus HIV. Dados de 2017 indicam que 882 mil brasileiros viviam com o vírus da AIDS, e cerca de 40 mil novos casos são registrados por ano. Já a segunda, o Dezembro Laranja, visa a conscientização sobre o câncer de pele, uma medida de prevenção ao câncer mais comum no país. Precisamos nos proteger dessas duas patologias que, se diagnosticadas precocemente, podem apresentar cursos bastante diferentes, com prognósticos mais positivos.
Por outro lado, o mês de dezembro costuma ser intenso, cheio de atividades para finalizar agendas e ciclos, como também de loucuras de compras de presentes e de alimentos diferentes para as festas. É uma época bastante corrida, com todos os lugares lotados. Em 2020, apesar da pandemia, não esteve muito diferente. Vimos pela TV como as principais ruas de comércio estavam lotadas de gente e de trânsito, assim como os supermercados e shoppings.
No meio de tantas demandas, temos que tomar cuidado para não descuidar do essencial também neste início de ano. E pensando em estomia, é fundamental manter os cuidados. Lembre-se de ingerir líquidos (de preferência água) na quantidade recomendada para seu peso. São necessários 35 ml de água por quilo de peso corporal. Dessa maneira, é necessário multiplicar seu peso em kg por 35 para obter o resultado em ml (por exemplo: 70 kg x 35 = 2.450 ml). Lembre também de cuidar da higiene da pele e dos coletores. Os equipamentos coletores podem ser trocados a cada três dias. Isso varia para bolsas fechadas, pois haverá troca de uma a duas vezes por dia. A utilização de adjuvantes, protetores, removedores, cintos, filtros de carvão, etc. são de dispensação individualizada, pois cada caso é um caso e há determinados acessórios indicados.
Vale lembrar também que nas épocas de fim e início de ano é comum que ocorram faltas de equipamentos, e que as empresas entrem em recesso até janeiro, então a prevenção quanto à falta de material é um cuidado que todos devem ter. Fazer um pequeno estoque ou, principalmente, estar conectado a outras pessoas com estomia através das redes sociais é muito positivo e pode ser a salvação em situações de emergência. Eu valorizo muito as associações de estomizados, pois é uma benção fazer parte de um grupo de pessoas que passam por situações similares e entendem como ninguém a problemática.
Outra observação importante ainda para este início de ano: cuidado triplicado para viagens ou encontros de família, por conta da pandemia.
Desejamos um 2021 muito promissor, com as vacinas nos trazendo para o novo normal!