Nota da Diretoria – Falta de equipamentos de ostomia nas unidades de saúde

A diretoria da Associação Paranaense dos Ostomizados está a par das queixas, frequentes desde o ano passado, sobre falta de equipamentos de ostomia nas unidades de saúde de Curitiba. Após contato presencial de diretores da associação com representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foi informado que houve, de fato, falta de produtos, mas que foi feita uma compra emergencial para solucionar o problema.

Apesar disso, novas queixas seguem surgindo diariamente. A diretoria da APO tem intermediado casos pontuais que têm sido resolvidos pela SMS, e em breve terá nova agenda com representantes da Secretaria de Saúde para cobrar uma solução definitiva para o problema.

Katia Pascoal de Lima Oliveira
Presidente

Viver com ostomia: manter relações saudáveis é essencial para uma vida plena

Por: Silvia Moreira
Enfermeira estomaterapeuta da Convatec Brasil


Muitos de nós conhecem o processo de adaptação que uma pessoa com estomia percorre depois de passar por esse tipo de cirurgia. Mas apesar dos desafios totalmente individuais (já que cada pessoa tem sua história, suas percepções, suas dores e seus medos), nós também sabemos o poder que a troca de experiências tem de transformar vidas e facilitar essa caminhada aos novos ostomizados.

Dessa forma, destacamos a importância das nossas relações com outras pessoas, como os profissionais de saúde que nos acompanham, outros ostomizados, nossos familiares e amigos, assim como da relação com nós mesmos e com o planeta Terra.

Manter relações saudáveis em todos os aspectos é fundamental para viver uma vida com qualidade. Para a pessoa com estomia, a vida começa na relação saudável entre ela e seu equipamento coletor (bolsa). Desse modo, entre as necessidades essenciais para os ostomizados, podemos apontar a assistência à saúde integral e especializada que deve priorizar o processo de adaptação à nova condição de vida. Quando bem adaptada ao equipamento coletor, a pessoa com estomia evita problemas de pele, obtém maior segurança na utilização do produto e é incentivada ao retorno às atividades diárias, o que é essencial para encorajar o convívio social.

As pessoas em geral, com estomia ou não, precisam manter relações saudáveis para viver uma vida plena. O início dessa trajetória parte de nós mesmos, quando decidimos focar no cuidado com nosso corpo e nossa mente.

Veja sugestões para esse cuidado:

• Consumir alimentos que tragam benefícios: manter uma alimentação saudável e rica em nutrientes nos deixa mais fortes e dispostos.

• Praticar exercício físico (mesmo que seja apenas uma caminhada regular): isso regula os hormônios, ajuda a controlar ansiedade, o peso e doenças crônicas, como o Diabetes e pressão alta. 

• Realizar atividades que tragam prazer e satisfação: fazer trabalhos manuais, como artesanato, pintura ou crochê; cultivar plantas; cozinhar; participar de grupos de pessoas com algo em comum (igreja, associação, etc.) motiva e traz sentimento de satisfação.

• Evitar conflitos desnecessários: exigir nossos direitos é necessário, mas sempre com sabedoria, no momento certo e com as pessoas certas, que realmente possam ajudar de alguma forma.

• Tratar as pessoas com educação e transmitir amor e gratidão: recebemos o mesmo que entregamos. Pense nisso e trate o outro como gostaria de ser tratado.

• Cuidar da sua casa, do seu cantinho favorito: mantenha um ambiente limpo e iluminado. Isso trará alegria e vontade de dividir esses momentos felizes com aqueles que amamos.

Cuide de você e viva intensamente essa oportunidade de construir uma nova história. A vida é preciosa demais para perder tempo com coisas sem sentido. Passe a VIVER e não sobreviver. Você merece!

* Artigo publicado no jornal da Associação Paranaense dos Ostomizados

APO tem nova nutricionista para atendimento gratuito a ostomizados

Aline dos Santos atuou durante cinco anos como nutricionista hospitalar, e desde 2020 se dedica exclusivamente ao atendimento em consultório de pessoas que buscam emagrecimento e controle de doenças crônicas.

A nutricionista clínica Aline Fernanda de Souza dos Santos é a nova profissional de nutrição dedicada ao atendimento dos ostomizados na APO. Pós-graduada em Atenção Hospitalar pela UFPR, Aline atende na sede da associação em duas quintas-feiras por mês, das 14h às 17h. Os atendimentos, que são gratuitos, ocorrem por ordem de chegada ou por agendamento. Pacientes que desejem agendar previamente as consultas devem entrar em contato pelo WhatsApp 41-99517-2214.

Durante os atendimentos, a nutricionista avaliará o histórico de saúde do paciente e como a alimentação poderá ser ajustada, visando melhorar sintomas e contribuir com a qualidade de vida do ostomizado. Em seguida, será elaborada uma estrutura de alimentação e rotina eficiente e, quando necessário, será prescrita suplementação.

“Compreender sobre nutrição é fundamental para o ostomizado, porque nessa fase existirão mudanças quanto à necessidade e absorção de nutrientes. Além disso, é importante que a pessoa tenha consciência da relação com o próprio corpo e com a comida, já que a doença de base e o emocional podem alterar o apetite ou a vontade de comer certos alimentos”, diz Aline. “Toda essa complexidade pode ser simplificada com o acompanhamento nutricional adequado, trazendo mais qualidade de vida para o paciente”.

Acompanhe a nutricionista nas redes sociais pelo Instragram @nut.aline

Saiba mais sobre as cirurgias de reversão de ostomia

No dia 16 maio, o ator Luciano Szafir fez a cirurgia de reversão da colostomia após ficar 10 meses utilizando a bolsa coletora. O ator, submetido à cirurgia de colostomia em junho de 2021, trouxe luz à causa dos ostomizados, em especial após desfilar na São Paulo Fashion Week, no ano passado, exibindo o equipamento coletor. A divulgação de sua cirurgia de reversão pela imprensa, entretanto, trouxe dúvidas a respeito do assunto.

Para trazer mais informações sobre o tema, o Jornal APO conversou com a cirurgiā oncológica Fernanda Kinceski Pina, que atua com cirurgia colorretal.

Luciano Szafir desfila na São Paulo Fashion Week com bolsa de ostomia. Ator fez cirurgia de reversão em maio (Foto: Cauê Moreno/Divulgação)

Jornal APO: Quais tipos de ostomia são possíveis de serem revertidas?

Dra. Fernanda Pina: Temos as ostomias de eliminação (ileostomia e colostomia para fezes, e urostomia para urina); as de alimentação, como a gastrostomia e jejunostomia, e as que auxiliam na respiração – a traqueostomia. Todas elas podem ser provisórias ou definitivas, e essa condição é individualizada de acordo com a condição clínica e a doença de cada paciente.

Tratando das ostomias de eliminação intestinal, como as colostomias e ileostomias, quando realizadas em caráter provisório elas têm o potencial de serem revertidas. As urostomias também dependem da condição base do paciente que levou à necessidade da confecção dessa ostomia, além da quantidade e funcionalidade de bexiga remanescente. O médico responsável pelo paciente é o mais indicado para determinar se a reversão é possível, quando deve ser feita e quais exames deverão ser realizados antes do procedimento.

Jornal APO: Em quais casos pode-se reverter e em quais casos não é possível ou recomendável fazer a reversão?

Dra. Fernanda Pina: Nos casos em que a colostomia ou ileostomia foi programada para ser provisória é possível o planejamento da reversão. Diversos fatores devem ser considerados antes da reversão, como o motivo pelo qual a ostomia foi necessária, o desejo do paciente quanto à reversão, a adaptação do paciente à ostomia e status do trânsito intestinal. Mas enquanto a via natural de evacuação não pode ser usada, a ostomia deve ser mantida.

Quanto às urostomias, nos casos em que a bexiga foi parcialmente removida ou em que o sistema urinário pode ter sua função normal reestabelecida há a possibilidade de se avaliar a reversão. 

Nos casos em que a doença ou a sequela decorrente do tratamento tornam a via natural de evacuação ou de diurese danificada ou ineficiente de forma definitiva, há a necessidade do uso permanente da ostomia, e nesses casos a reversão não é possível.

Dra. Fernanda Kinceski Pina, médica cirurgiā oncológica

Jornal APO: Como é a cirurgia de reversão?

Dra. Fernanda Pina: Para que a reversão ocorra, o paciente precisa ser submetido a uma nova cirurgia que pode ser por via convencional ou aberta (com necessidade de corte), ou por via minimamente invasiva, como a videolaparoscopia, em que são realizados pequenos orifícios no abdómen.

Jornal APO: Quais são os principais riscos da cirurgia ou no pós-operatório?

Dra. Fernanda Pina: O principal risco das cirurgias de reversão de ostomias intestinais é a infecção intra-abdominal por deiscências intestinais (quando ocorre uma infecção dentro da barriga pelo vazamento da costura intestinal realizada para reestabelecer o trânsito intestinal). Além disso, complicações como sangramentos, pneumonia, trombose e complicações anestésicas podem acontecer como em qualquer outro procedimento cirúrgico. No pós-operatório, as principais complicações são infecção na região da pele em que estava a ostomia e incontinência fecal que pode ser transitória ou permanente.

Já as principais complicações da reversão da urostomia são a deiscência das suturas (quando os pontos da reconexão da via urinária se soltam e a urina vaza para a cavidade abdominal), incontinência urinaria e a infecção da pele onde estava a ostomia.

Jornal APO: Essa cirurgia é coberta pelo SUS?

Dra. Fernanda Pina: Sim. As cirurgias de reversão de todas as ostomias são cobertas pelo SUS. Mesmo que o paciente tenha feito sua cirurgia inicial pelo convênio ou particular, se houver necessidade de continuidade do tratamento pelo SUS, o paciente tem esse direito.