Por Tamires Alves
Estomaterapeuta da Life Santé
A estomia é a exteriorização de um órgão através da pele e varia de acordo com a localização. Essa condição desencadeia mecanismos de defesa e evidencia uma vivência desafiadora. Essa fase é superada a partir da conscientização do seu próprio estado atual e real, em que é possível se capacitar para prosseguir.
A autoestima é a qualidade que pertence ao indivíduo satisfeito com a sua identidade. A presença da estomia tem repercussões que podem ser perturbadoras na imagem corporal, e quando o enfrentamento a esse quadro é ineficaz pode-se desenvolver um quadro de baixa autoestima, repercutindo em um sentimento de ausência de prestígio. A mudança súbita da imagem corporal origina confusão e alteração negativa na forma como a pessoa se percebe.
O resultado do tratamento cirúrgico para confecção de uma estomia depende do preparo psicossocial do paciente, principalmente no pré-operatório, quando podem ser revelados sentimentos de ansiedade e medo, relacionados à anestesia, às alterações na imagem corporal, às mudanças no estilo de vida, às preocupações com o risco de morte e ao próprio procedimento cirúrgico. O estomizado se depara com várias alterações de ordem física, psicológica, espiritual, social e sexual, as quais geram impacto sobre a autoestima e a qualidade de vida relacionada à saúde.
Vale dizer que para minimizar esses danos ao paciente é necessária a criação de políticas e programas de saúde específicos que proporcionem um atendimento multidisciplinar, priorizando os direitos do paciente e garantindo um cuidado sistematizado e assim, favorecer o processo de reabilitação e reinserção social.
A aceitação do estoma pode ser dolorosa porque o indivíduo perde uma parte de um órgão e enfrenta um momento de luto. Entretanto, isso não significa que o paciente não possa ou não queira aprender a lidar com seu estoma, tampouco que ele esteja negando a situação, mas apenas que possui tarefas mais emergentes, como aceitar a nova realidade e lidar com atitudes antes não superadas e, somadas a essas, enfrentar a perda do controle do esfíncter.
O indivíduo que possui uma estomia necessita mudar sua relação com essa nova condição e entender que esse período que está enfrentando não muda quem ele é, apenas fornece subsídio para aumentar sua expectativa de vida. Sabemos que não é fácil enfrentar o diagnóstico de alguma doença, tampouco ter que passar por diversos tratamentos que podem gerar efeitos colaterais. Mas é necessário olhar para si com amor e carinho, entender que essa fase vai passar e ter a oportunidade de escolher enfrentar esse período de forma leve, cuidando-se e tomando os cuidados para manter a autoestima alta a fim de ser capaz de superar qualquer obstáculo ao longo do percurso.