Existe banheiro adaptado para as pessoas estomizadas, você sabia?

Por: FERNANDA AMARAL
Enfermeira Programa Celebrar – B. BRAUN

Pessoas com estomia requerem adaptações que são fundamentais para conseguirem realizar com tranquilidade suas atividades mais cotidianas. Com a necessidade da construção de um estoma, a pessoa passa por algumas novas adaptações em sua rotina; uma dessas adequações são os banheiros adaptados para estomizados – ambiente que passa por algumas modificações práticas para atender as novas necessidades do paciente. Porém ainda não encontramos esse tipo de adaptação com facilidade, principalmente em ambientes públicos.

O banheiro para pessoas estomizadas atende os indivíduos que têm a necessidade de realizar a higienização ou troca de sua bolsa coletora. Nele, a bacia sanitária tem uma altura próxima à linha da cintura do paciente, não havendo necessidade de abaixar-se em um vaso convencional, o que evita alguns desconfortos.

Sobre as instalações sanitárias para estomizados, devem haver, por exemplo, ducha higiênica, lavatório para as mãos posicionado próximo ao vaso sanitário e espelho acima do vaso sanitário para inspeção das condições gerais do estoma. O vaso sanitário normal ou infantil deve contar com anteparo seco e sistema de descarga, com altura equivalente ao abdômen das pessoas estomizadas (ou seja, a cerca de 80 centímetros do chão para o descarte do conteúdo das bolsas coletoras de fezes e urina). Deve também trazer detalhes sobre a instalação de lixeiras, fixação de suporte de papel higiênico e ajustes arquitetônicos, como também deve conter a inserção do Símbolo Nacional da Pessoa Estomizada junto ao Símbolo Nacional da Pessoa com Deficiência.

A instalação de banheiro para estomizados deve ser observada por estabelecimentos públicos como rodoviárias, aeroportos, cinemas, igrejas, postos de saúde, hospitais, shoppings, centros comerciais e supermercados. No Brasil, a construção de banheiros públicos adaptados está prevista na Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004, mais precisamente em seu artigo 22. Mas infelizmente é possível encontrá-los em poucos estados e municípios. Precisamos, portanto, divulgar ainda mais esse importante recurso para que seja cada vez mais uma realidade para um número maior de ostomizados brasileiros.

Mantendo a pele ao redor do estoma saudável

O ajuste e a formulação são essenciais para manter a pele saudável (Crédito: Hollister)

Para que possamos entender quais são os recursos para manter a pele ao redor do estoma saudável desde o primeiro dia, é preciso uma avaliação de um profissional especializado que aborde as necessidades individuais, adequando o equipamento compatível com as características da estomia e priorizando equipamentos de alta tecnologia para proporcionar adaptação, conforto e segurança. O ajuste e a formulação são essenciais para manter a pele saudável. Sendo assim, vamos definir esses conceitos:          

As complicações afetam cerca de 80% das pessoas com estomia, ocasionando um impacto negativo na pele e levando muitas pessoas ao isolamento social por consequência de fatores que podem ser totalmente evitados.

É possível definir a indicação do equipamento através de uma avaliação individualizada e personalizada de acordo com a necessidade de cada paciente. A avaliação abrange localização da estomia, presença de pregas cutâneas, flacidez abdominal, consistência do efluente, características do estoma  (acima do nível da pele, no nível da pele ou abaixo do nível da pele ao redor do estoma), saída do efluente descentralizada, presença da haste de sustentação que possa dificultar um ajuste adequado, se está sendo submetido a tratamentos quimioterápicos ou radioterápicos, presença de hérnia e prolapso, etc. Após avaliar esses fatores, podemos definir qual equipamento é mais indicado de acordo com as características individuais de cada pessoa com estomia, com o objetivo de proporcionar melhor vedação e ajuste, segurança e conforto, evitando vazamentos e mantendo a pele saudável.

Alimentação no inverno

Atenção: Nem todos os alimentos descritos neste texto podem ser ingeridos por todos os ostomizados. Antes de alterar qualquer hábito alimentar, orientamos conversar antes com seu nutricionista. A APO oferece atendimento nutricional gratuito às quintas-feiras (entre 14h e 17h) na sede da associação.

O inverno é um tempo propício para ajustarmos nossa alimentação a dois fatores importantíssimos: o aumento da fome e as condições de saúde respiratória associadas à baixa do sistema imunológico. Mas por que isso acontece? Nos períodos de baixa temperatura nosso organismo gasta mais energia para se manter aquecido, e como forma de compensação e de concentração de macronutrientes, o corpo aciona o desejo por alimentos com maior aporte de gorduras e de açúcares por serem fontes de energia rápida. Sendo assim, não podemos deixar de lado a preocupação com a alimentação ou carregar esse período com carências emocionais, que para muitos justificam o excesso alimentar. O ideal é buscar uma alimentação saudável e se manter em forma sem deixar de viver os prazeres gastronômicos desta época.

Uma boa estratégia para nos aquecer no inverno é a ingestão de alimentos mais quentes e – para quem pode – alimentos picantes. De forma simples, é trocar saladas frias por preparações refogadas, grelhadas ou assadas e usar temperos como coentro, pimenta, cominho, curry, páprica picante, gengibre, cebola e canela: alimentos com propriedades termogênicas, que significam um maior aquecimento e aumento do gasto calórico nas refeições. Feijões e grãos integrais, batatas, sementes e frutas oleaginosas como castanhas, nozes e amêndoas também podem ser muito utilizados neste período! Bebidas quentes, chás, cafés sem açúcar e frutas aquecidas são opções para os lanches no inverno.

O chocolate também é desejado nessa época, mas precisamos nos preocupar com sua composição, que é basicamente açúcar e gorduras. O limite de consumo de chocolate é de 35g (uma barra pequena) e preferencialmente nas versões amargo ou meio amargo. Para o chocolate quente, opte por leite desnatado ou leite de vegetais com o cacau ou chocolate em pó sem adição de açúcar na preparação.

Nos meses de inverno também precisamos ter um cuidado maior com a saúde respiratória, por conta da maior incidência de gripes e resfriados. Para aumentar a atuação do nosso sistema imunológico é imprescindível o consumo de alimentos fonte de vitamina C, pois ela tem a propriedade de ativar e aumentar a capacidade proliferativa das células imunológicas, preparando o organismo para se defender das doenças do inverno. Esses alimentos são encontrados em maior concentração nas frutas frescas, principalmente as cítricas como a laranja, acerola, manga, limão, maracujá, abacaxi, kiwi e morango.

Se você já adquiriu gripe ou resfriado, alguns alimentos auxiliam a diminuir os sintomas. As sopas quentes ajudam a acalmar a garganta, e, com moderação, o sal presente na receita pode diminuir o risco de desidratação em caso de febre. Adicionar alho em maior concentração nas preparações destrói alguns vírus da gripe, além de ser considerado um ótimo antioxidante. A mostarda e a pimenta, que possuem substâncias químicas que dissolvem as secreções e descongestionam as vias aéreas, além de ervas e plantas como salsa, malva, eucalipto, gengibre e guaco são eficazes nos sintomas de dificuldade nasal, irritação, inflamação de garganta e tosses. Esses alimentos podem ser aproveitados na forma de chás, inalações ou gargarejos.

Não menos importantes, a atividade física e o consumo de água neste período aumentam o metabolismo e nos deixam mais dispostos para enfrentar os dias frios. A reorganização da alimentação e os exercícios precisam sempre fazer parte da nossa rotina, em qualquer estação do ano, pois está mais do que comprovado que a união de ambos é necessária para nossa saúde e para todos os processos de envelhecimento saudável.

Disbiose intestional e alimentos que auxiliam o bem-estar após ileostomia/colostomia

O trigo pode ser o vilão de sua dieta, prejudicar seu bem-estar e até causar modulação de humor (Foto: Freepik)

Disbiose intestinal é uma alteração no equilíbrio do microbioma intestinal, que é o conjunto de todos os microrganismos e o ambiente onde eles vivem e competem entre si. Ou seja, no intestino delgado e grosso convivem uma infinidade de seres microscópicos, com funções fisiológicas importantes, como: produção de vitaminas K, B e folato (mediação DNA); absorção de vitamina D para a saúde dos ossos; degradação do amido; produção de ácidos biliares secundários e ácidos graxos de cadeia curta que contribuem na manutenção do pH (acidez) intestinal.

Muitos fatores alteram o equilíbrio do microbioma intestinal causando disbiose, algumas na origem, como hereditariedade e tipo de alimentação do recém-nascido, outras adquiridas com maus hábitos de alimentação, medicamentos, entre outros. A pessoa que passou por uma cirurgia de ileostomia/colostomia pode ser mais sensível à disbiose intestinal, e se beneficiará ao dar atenção especial a essa questão.

Há uma importante conexão entre o intestino e o encéfalo na modulação do humor e estresse. Alguns neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, atuam regulando humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções cognitivas e, por isso, quando se encontram numa concentração baixa ou elevada (alterada), podem causar mau humor, dificuldade para dormir, ansiedade ou até mesmo depressão.

A alimentação exerce muita influência e sabemos que os microrganismos têm preferências alimentares bem diversas. Os saudáveis têm preferência por alimentos naturais como legumes, verduras, frutas, grãos, entre outros; já os maléficos para a saúde se alimentam de produtos industrializados, ultraprocessados, medicamentos como antibióticos e outros.

O trigo, alimento muitas vezes considerado saudável para o corpo humano, na verdade não o é, assim como os alimentos com farinha de trigo integral. Alimentos isentos de glúten são benéficos, principalmente sem o glúten do trigo, que foi altamente modificado geneticamente para ser mais produtivo comercialmente e utilizável na culinária.

Para algumas pessoas, os laticínios de vaca podem ser vilões na hora da digestão. Não somente pelo açúcar que é a lactose, mas também por conta da proteína caseína que não é digerida pelo nosso organismo. Quando puder, opte por substituir.

Se você tem sintomas de intestino disbiótico, intestino preso ou muito solto, estufamento ou outro tipo de mal-estar, tente mudar os hábitos alimentares começando por retirar o trigo e derivados do leite de vaca de sua dieta.