Em cumprimento à Lei Federal nº 13019/2014, a Diretoria da Associação Paranaense dos Ostomizados (APO) disponibiliza o Termo de Fomento celebrado entre a Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba, em setembro de 2022, na qual foi celebrado repasse de recursos do Fundo Municipal de Apoio ao Deficiente (FAD) para o pagamento de despesas da associação, com vigência a partir de 10 de outubro de 2022 a 10 de outubro de 2023.
Também disponibilizamos o Plano de Trabalho da APO, com descrição dos serviços, objetivos, recursos materiais e humanos e tudo que envolve o atendimento à pessoa ostomizada e a garantia dos seus direitos. Este Plano de Trabalho foi elaborado em função da participação da APO no Chamamento Público nº 12/2021, conforme edital de 18 de novembro de 2021, que destina recursos financeiros do FMAD às instituições denominadas Organizações da Sociedade Civil (OSC).
Após o encontro, equipe do senador Sergio Moro foi à sede da APO para entender mais a fundo as demandas dos ostomizados
No dia 22 de maio, a presidente da APO, Katia Oliveira, participou de um encontro promovido pelo senador paranaense Sergio Moro (União Brasil) com instituições sem fins lucrativos que trabalham com pessoas com deficiência. O principal tema levado ao parlamentar pela representante da associação foi a falta de bolsas de ostomia, que tem sido uma realidade na capital paranaense e em outros locais do Brasil.
“Fiz um pedido para que a Portaria 400 [que trata da distribuição de equipamentos de ostomia pelo SUS] seja transformada em lei. Se isso acontecer, vai ser obrigatório que o poder público forneça as bolsas de ostomia. Nos casos de falta de bolsas, como o que está acontecendo agora em Curitiba, poderemos ir ao Ministério Público e exigir que a Prefeitura entregue as bolsas. Também falei para ele sobre a APO e a demanda de pessoas com ostomia, que tem crescido muito”, diz Katia.
No início de junho, assessores do senador foram à sede da associação para aprofundar sobre as demandas dos ostomizados a fim de elaborarem uma proposta legislativa para tornar o conteúdo da Portaria 400 uma lei nacional.
Desta vez, vamos aprofundar em um dos fatores que impacta diretamente na sua qualidade de vida: a sexualidade. Vale dizer que a sexualidade permeia todas as etapas do viver humano e é parte integral da nossa personalidade. Trata-se de uma necessidade básica, e é um aspecto que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Diz respeito à dimensão íntima e relacional que compõe a subjetividade das pessoas e suas relações com seus pares e com o mundo. Refere-se à emoção que o sexo pode produzir, transcendendo definições físicas restritas ao ato sexual.
Após a confecção do seu estoma, houve uma alteração direta na sua imagem corporal e, consequentemente, uma readaptação do seu estilo de vida, incluindo o fator sexualidade. Nós, da Coloplast, queremos ajudar você a minimizar impactos nessa área com algumas orientações e dicas.
“Sendo estomizado, posso ter relações sexuais?” Sim, e deve sempre buscar diálogo com o(a) parceiro(a) expondo suas angústias e seus medos para que possam juntos descobrir uma melhor forma de adaptação à nova realidade.
“Meu equipamento pode soltar durante a relação?” Sim, mas existem adjuvantes que podem auxiliar na sensação de segurança em relação ao seu equipamento, como fitas elásticas e cintos.
“E se meu estoma funcionar durante o ato sexual?” Lembre-se de que o funcionamento do estoma está diretamente ligado à sua alimentação.
“E se ocorrerem vazamentos?” A escolha correta do equipamento é fundamental: existem bases adesivas convexas e também adjuvantes que podem minimizar o risco de vazamentos.
“O meu parceiro vai sentir o cheiro da minha bolsa?” Há adjuvantes que podem auxiliar quanto a isso, para serem utilizados na bolsa coletora. Os equipamentos coletores mais avançados possuem filtro de odor acoplados na bolsa, de forma a evitar a exposição de odores.
“Como fazer para que meu parceiro não veja meu estoma? Para mulheres, usar lingeries, lenços que cubram o equipamento; para os homens, camisetas. O importante é sentir-se atraente.
“Tenho vergonha de expor minhas dúvidas sobre sexualidade” Busque os grupos de apoio a estomizados e associações, como a APO. A troca de experiências e relatos o motivará a seguir em frente.
Nós, da Coloplast, nos preocupamos com você e sabemos como a discrição, o conforto, a vida social e a confiança com o uso do equipamento ideal impactam na sua rotina. Conte conosco para tornar sua vida mais fácil e não se esqueça de que a sexualidade de cada um é única. O mais importante é que você esteja bem e feliz consigo mesmo!
Casado e pai de uma adolescente de 15 anos, Alessandro Nuñez manteve vida de esportes ativa após tornar-se colostomizado (Brasil Ride 2017)
Colostomizado desde novembro de 2010, Alessandro Nuñez, de 50 anos, ficou conhecido como o primeiro triatleta ostomizado do Brasil ao se manter treinando e participando de competições de triathlon – modalidade que combina natação, corrida e ciclismo – após a cirurgia.
Um ano depois de tornar-se colostomizado, Alessandro disputou uma prova nacional de triathlon. Nos anos seguintes, seguiu treinando e disputando várias competições bastante exigentes, o que incluiu o campeonato mundial de triathlon XTerra no Havaí, em 2013, e três provas de ultramaratona de bicicleta, em 2012, 2014 e 2017.
A receita: priorizar a saúde mental e emocional, manter boa alimentação e buscar por adaptações que permitam manter a mesma qualidade de vida de antes da cirurgia.
Confira a entrevista exclusiva de Alessandro Nuñez ao Jornal APO:
Após a sua cirurgia, você manteve um estilo de vida bastante ativo, priorizando a saúde física e mental. Passada mais de uma década da cirurgia, como está sua vida hoje?
Alessandro: Estou seguindo, relativamente muito saudável. O tempo voou, em agosto vai fazer 13 anos que descobri o câncer colorretal. Em novembro de 2010, um ano depois do Dia Nacional do Ostomizado, fiz a cirurgia. Essa data eu nunca esqueço, porque é a data que comemoro como um aniversário.
Continuo casado, trabalhando com vendas no meio corporativo. Minha filha era pequena na época da cirurgia, hoje é uma adolescente de 15 anos. Também sigo fazendo alguns treinos, mas não tão intensos como antes. No meio da pandemia parei com os treinos de natação e acabei não voltando ao triathlon, mas pretendo retornar. O esporte realmente me movimenta para a vida. Uso como forma de qualidade de vida, como antiestresse, para várias coisas.
Ultramaratona disputada em 2012 na Chapada Diamantina
Olhando para trás, qual foi a importância de lidar bem com a saúde mental emocional nos meses e anos pós-cirurgia?
Alessandro: Considero que a grande questão foi a mental, não a física. Eu era praticante de esportes, então em algumas coisas isso realmente ajudou, como na condição física para suportar os tratamentos que fiz. Mas a parte emocional e mental foram muito mais importantes do que a parte física para lidar com a nova condição.
Na época, como faz muito tempo, não tinha muitas referências de quem buscar quanto à vida como ostomizado, principalmente em relação à prática de esportes. Então eu me espelhava em pessoas que tinham outras deficiências e que deram a volta por cima muito bem. Uma delas foi o Fernando Fernandes [atleta paralímpico]. Ele, no momento dele, conseguiu dar a volta por cima e hoje dá exemplo. Ele é uma pessoa que até hoje acompanho, vejo o que ele consegue praticar com a limitação que tem. Então coloquei na minha cabeça: eu tenho uma limitação, mas consigo lidar bem, fazer as coisas, ir adaptando.
Me espelhar em outras pessoas ajudou bastante. Depois da primeira reportagem no Jornal APO, há 12 anos atrás, muita coisa se abriu, porque meio que sem querer virei uma referência para outras pessoas ostomizadas que vinham atrás, e até hoje tem pessoas que me procuram. Então ter pessoas para me espelhar foi fundamental, e depois me tornar uma referência e poder de alguma forma contribuir ajudou ainda mais a melhorar o meu mental.
Você falou que reduziu um pouco os treinos e competições. Como está sua vida de atleta atualmente?
Alessandro: Eu sou uma pessoa que precisa sempre estar fazendo algum tipo de esporte independentemente de estar competindo ou não. Atualmente meu esporte maior é andar no mínimo três quilômetros com meu cachorro border collie, que também é esportista e requer que eu caminhe bastante com ele. Também tenho feito bastante treinos de musculação e de pedal.
A questão da pandemia mudou muita coisa, né? Minha última prova foi antes da pandemia, em 2019, no Uruguai. Fiz uma prova de bicicleta de três dias lá. Mas estando ou não competindo, se der eu vou até 100 anos fazendo esporte dentro das minhas capacidades.
Passados vários anos da cirurgia, de que forma a ostomia impacta atualmente no seu dia a dia?
Alessandro: A questão da alimentação é chave: se alimentar com comidas saudáveis e tomar água adequadamente são coisas que realmente ajudam no dia a dia e no trato da ostomia. No meu caso, eu faço a irrigação [técnica de lavagem intestinal para colostomizados] há 12 anos, então isso dá um pouco mais de qualidade de vida. Normalmente eu estou com a bolsa vazia, nunca está cheia. Mas isso também está muito relacionado ao que se come.
Com o tempo você aprende a conhecer seu organismo. Sendo ostomizado ou não, a boa alimentação junto com a prática de esportes reflete numa série de benefícios que vão além da diminuição do estresse.
Ao longo desses anos tive alguns problemas relacionados à condição de ostomizado, mas sempre consegui dar a volta por cima. Nunca deixei isso me vencer, sempre tive em mente que não vai ser isso que vai me impedir de fazer alguma coisa. É tudo uma questão de adaptação.