O retorno de crianças com ostomia à escola

Por Silvana Zanette
Responsável técnica LIFE SANTÉ

A perspectiva de retorno à escola após uma cirurgia de estomia que alterou drasticamente a vida de uma criança pode ser bastante desafiadora, independentemente da idade. Lidar com essa nova condição, enfrentar mudanças na imagem corporal e adaptar-se ao ambiente escolar são preocupações significativas, tanto para a criança quanto para os pais. Identificar as necessidades específicas da criança, dos pais e da escola, assim como dos funcionários, é crucial para um retorno bem-sucedido à escola.

É importante conversar com a criança sobre as novas situações e orientá-la sobre a quem recorrer em caso de necessidade, levando em consideração sua idade e habilidades de comunicação. Se possível, essas questões devem ser discutidas antes do retorno, apresentando possíveis situações e explicando o que será feito, o que contribuirá para que a criança e os pais se sintam seguros.

Uma experiência positiva na escola é fundamental para garantir um bom resultado. Portanto, é crucial que os funcionários da escola recebam uma orientação adequada, treinamento contínuo e apoio para cuidar adequadamente da criança durante o período que estiver na escola. Como parte dessa orientação, a escola deve criar um plano de cuidados específico para a criança, abordando questões como:

•  A quem a criança pode recorrer em caso de necessidade?
• É permitido que a criança saia da sala de aula quando necessário?
• Onde ela pode armazenar seus materiais para a troca da bolsa de estomia?
• Onde pode esvaziar ou trocar a bolsa?
• A criança precisa falar sobre isso com seus amigos? O que ela deve dizer se eles perguntarem?
• Haverá provocações ou zombarias por parte dos colegas?
• A bolsa causará mau cheiro?
• O estoma emitirá ruídos ou barulhos?
• As pessoas poderão ver a bolsa sob as roupas da criança?
• A criança poderá participar das aulas de Educação Física?

É importante designar profissionais da escola como pontos de contato para a criança em busca de suporte. Para os cuidados diários na escola, é essencial fornecer um local seguro para armazenar os suprimentos de estomia, ter uma troca de roupa disponível na escola e identificar o banheiro mais próximo para a troca da bolsa.

Em relação à alimentação, é preciso garantir fácil acesso à hidratação e verificar se o aluno necessita de alguma dieta especial. Atividades esportivas podem exigir orientações adicionais para proteção extra do local da estomia. Para viagens escolares, é fundamental que a criança leve suprimentos extras para a troca da bolsa e que haja um professor de referência disponível caso ela precise de auxílio.

Uma estomia não é um obstáculo para o desenvolvimento saudável e ativo de uma criança. Com o apoio e os cuidados adequados, ela tem o potencial de alcançar seu pleno desenvolvimento. É fundamental que todas as crianças e pessoas com necessidades de saúde desfrutem dos mesmos direitos e oportunidades que os demais alunos.

E por fim: promover conscientização e compreensão sobre a importância do treinamento em cuidados com estoma é essencial quando uma criança com estoma inicia sua jornada escolar.

Referências:

Discover Series 2 – Session 3: Exploring common indications for infant stoma formation & Stoma Care in schools

Nota da diretoria: Falta generalizada de bolsas nos postos de saúde de Curitiba

Em reunião no dia 28 de junho com a diretoria da APO, membros da SMS garantiram que falta de bolsas será resolvida

Desde meados do ano passado, a diretoria da Associação Paranaense dos Ostomizados (APO) tem recebido queixas sobre falta de equipamentos de ostomia nas unidades de saúde de Curitiba. A ausência desses produtos representa prejuízos sem tamanho para a população ostomizada e fere a Portaria 400, que prevê a distribuição gratuita de equipamentos de ostomia pelo SUS.

Membros da diretoria da APO, que igualmente têm enfrentado problemas para receber suas bolsas, não tem medido esforços para cobrar de representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) uma rápida resolução para o problema. Em março, a Secretaria reconheceu o problema e informou que foi havia sido feita uma compra emergencial de equipamentos. Entretanto, meses se passaram e a situação persiste.

Chegamos numa situação em que mais de 80% dos atendimentos na sede da APO têm como objetivo a retirada de bolsas, porque os pacientes não conseguiram com a rede pública. Além disso, temos recebido relatos de pessoas que foram orientadas nos postos de saúde a irem à associação retirar os equipamentos, o que é inadmissível. É importante enfatizar que a associação não tem condições de fornecer a quantidade adequada aos pacientes, que necessitam com urgência dos produtos.

Vale destacar que a ausência de bolsas não é algo pontual em apenas algumas unidades de saúde; é um problema generalizado. Temos orientado aos pacientes para contatar diretamente a Secretaria de Saúde pedindo a resolução imediata.

No dia 28 de junho, a diretoria da APO se reuniu novamente com membros da SMS, que garantiram que os problemas seriam sanados com brevidade. Ficou acordado também que representantes da Secretaria estarão presentes na reunião mensal de julho, que ocorrerá no dia 27 (quinta-feira) às 14h na sede da associação, para prestar esclarecimentos aos pacientes ostomizados. 

Com eventual persistência do atual cenário, a diretoria estuda ingressar com ação judicial cobrando o cumprimento das determinações da Portaria 400 na cidade de Curitiba.

Katia Oliveira – Presidente APO

Nota da Diretoria – Transparência Pública

Em cumprimento à Lei Federal nº 13019/2014, a Diretoria da Associação Paranaense dos Ostomizados (APO) disponibiliza o Termo de Fomento celebrado entre a Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba, em setembro de 2022, na qual foi celebrado repasse de recursos do Fundo Municipal de Apoio ao Deficiente (FAD) para o pagamento de despesas da associação, com vigência a partir de 10 de outubro de 2022 a 10 de outubro de 2023.

Também disponibilizamos o Plano de Trabalho da APO, com descrição dos serviços, objetivos, recursos materiais e humanos e tudo que envolve o atendimento à pessoa ostomizada e a garantia dos seus direitos. Este Plano de Trabalho foi elaborado em função da participação da APO no Chamamento Público nº 12/2021, conforme edital de 18 de novembro de 2021, que destina recursos financeiros do FMAD às instituições denominadas Organizações da Sociedade Civil (OSC).

Este material é um caderno de verificações e análises. Clique aqui para acessá-lo na íntegra.

Katia Oliveira se encontra com senador Moro e pede que Portaria 400 seja transformada em lei

Após o encontro, equipe do senador Sergio Moro foi à sede da APO para entender mais a fundo as demandas dos ostomizados

No dia 22 de maio, a presidente da APO, Katia Oliveira, participou de um encontro promovido pelo senador paranaense Sergio Moro (União Brasil) com instituições sem fins lucrativos que trabalham com pessoas com deficiência. O principal tema levado ao parlamentar pela representante da associação foi a falta de bolsas de ostomia, que tem sido uma realidade na capital paranaense e em outros locais do Brasil.

“Fiz um pedido para que a Portaria 400 [que trata da distribuição de equipamentos de ostomia pelo SUS] seja transformada em lei. Se isso acontecer, vai ser obrigatório que o poder público forneça as bolsas de ostomia. Nos casos de falta de bolsas, como o que está acontecendo agora em Curitiba, poderemos ir ao Ministério Público e exigir que a Prefeitura entregue as bolsas. Também falei para ele sobre a APO e a demanda de pessoas com ostomia, que tem crescido muito”, diz Katia.

No início de junho, assessores do senador foram à sede da associação para aprofundar sobre as demandas dos ostomizados a fim de elaborarem uma proposta legislativa para tornar o conteúdo da Portaria 400 uma lei nacional.