Conheça a Laenfe, liga acadêmica de enfermagem da UFPR dedicada a aprofundar estudos sobre a Estomaterapia

Liga é parceira da Associação Paranaense dos Ostomizados na produção de conteúdo sobre ostomia

Membros da liga na 3° Jornada Acadêmica Laenfe/UFPR e Pinhão Científico Sobest

Desde o início de agosto, a APO mantém uma parceria com a Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia da Universidade Federal do Paraná (Laenfe/UFPR) para a produção de conteúdos sobre ostomia nas redes sociais. De lá para cá, já foram produzidos diversos vídeos explicativos sobre temas como os principais tipos de ostomia, cuidados com as bolsas e até mesmo orientações específicas para pais e responsáveis de crianças ostomizadas.

Atualmente a Laenfe conta com 29 membros, dentre estudantes, coordenadores e enfermeiros para suporte técnico. Entre as principais atividades do grupo estão aulas práticas e teóricas, produção científica, palestras e participação e organização de eventos e cursos.

Em junho deste ano, a liga se tornou creditada e registrada pela Associação Brasileira de Estomaterapia (Sobest), o que permitiu ao grupo organizar o evento “3ª Jornada Acadêmica da Laenfe e Pinhão Científico da Sobest”, evento que contou com a participação da presidente da APO, Katia Oliveira.

Confira a seguir um bate-papo com a vice-presidente da Laenfe, Luciane Lachouski, que é ileostomizada.

Jornal APO: Como foi o início da Laenfe?

Luciane Lachouski: A Laenfe foi fundada em 2019 a partir do desejo de uma aluna de enfermagem de aprender mais sobre a Estomaterapia. A partir disso, ela procurou a Prof° Dra Shirley Boller – professora adjunta no Departamento de Enfermagem da UFPR e também estomaterapeuta – para que ela a orientasse nessa iniciativa.

A vontade de criar a Laenfe surgiu mais especificamente da vivência dessa aluna no conteúdo de uma disciplina do 4° período chamada “Fundamentos para o Cuidar em Enfermagem”. Ela percebeu que era extremamente importante que os futuros profissionais de enfermagem tivessem um aprofundamento na temática de Estomaterapia, por ser um conteúdo bastante utilizado no exercício profissional.

Jornal APO: Quais são os objetivos da liga?

Luciane Lachouski: O principal deles é auxiliar alunos do curso de Enfermagem em sua trajetória, contribuindo no aperfeiçoamento através de estudos, pesquisas, extensão e debates com o propósito de despertar interesse em Estomaterapia.

Entre outros objetivos estão despertar o interesse dos acadêmicos de Enfermagem no estudo de temas relevantes da Estomaterapia; organizar e incentivar atividades de caráter cultural, científico e social que visem o aprimoramento da formação universitária de seus membros; e fornecer suporte aos alunos interessados em desenvolver iniciações científicas dentro desse tema.

Jornal APO: Quais as funções dos ligantes?

Luciane Lachouski: Os ligantes se dividem em diretoria executiva e demais membros. Aos que fazem parte da diretoria compete estabelecer o número de vagas disponíveis anualmente pela Laenfe; organizar e divulgar os encontros e demais atividades. Já aos outros membros cabe auxiliar nas atividades, representar a liga nos eventos, fazer processo seletivo para ingresso na liga, comparecer às reuniões, entre outras funções.

Jornal APO: Qual é o apoio recebido pela UFPR?

Luciane Lachouski: O apoio é o vínculo que a Laenfe tem como projeto de extensão. Atualmente a UFPR enquadra as ligas acadêmicas como extensão universitária, porém já há uma comissão técnica na universidade que está discutindo um regimento próprio para essas ligas. Enquanto esse regimento ainda não está em vigor, a Laenfe atende as normas estabelecidas pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec-UFPR). Dessa maneira, a liga participa de editais de bolsa de extensão e de fomentos por meio de editais e chamadas internas divulgadas pela Proec.

A importância de manter a pele ao redor da ostomia saudável

Por: Silvia Moreira
Enfermeira estomaterapeuta da Convatec Brasil

Caso a pele ao redor da estomia (pele periestomia) fique irritada e lesionada, além do risco de infecção, isso pode prejudicar a aderência da barreira de pele do equipamento coletor. A prevenção é a melhor forma de manter a pele periestomia saudável.

Antes de aplicar a barreira de pele, é importante verificar se a pele periestomia está saudável e seca. Isso permitirá que o dispositivo fique aderido à pele durante toda a sua utilização.

Observe o aspecto da pele ao redor do estoma quando esta se encontra em perfeitas condições. A pele periestomia deve ter a mesma aparência da pele do lado oposto do abdome, ou seja, deve estar íntegra. Assim que souber reconhecer o aspecto da pele saudável, será mais fácil reconhecer qualquer tipo de alteração.

O ajuste adequado da barreira de pele ao redor do estoma é essencial para prevenir complicações na pele periestomia. No equipamento coletor de uma peça, uma barreira de pele aderente e flexível protegerá a pele e permitirá sua remoção sem trauma.

O equipamento coletor de duas peças apresenta vários tipos de barreiras de pele, entre eles a placa com a Tecnologia Moldável. A Tecnologia Moldável foi desenvolvida para abraçar a estomia, como uma gola alta envolve o pescoço, eliminando os espaços entre o estoma e a pele periestomia. Ela fornece um ajuste seguro e confortável que minimiza as complicações da pele ao redor do estoma.

Prevenção

Prevenir os problemas de pele é bem mais fácil do que tratá-los. É muito importante saber fazer a higiene da sua estomia; para isso, tenha em consideração os seguintes pontos:

  • Lave suavemente a pele periestomia e a estomia com a ajuda de uma esponja suave, com água morna e sabão com pH neutro.
  • Seque bem a estomia e a pele periestomia, sem friccionar, mantendo a pele que está debaixo da bolsa limpa e seca.
  • Não use substâncias irritantes para a pele em volta da estomia, como perfumes, álcool, éter, antissépticos ou sabonetes agressivos.
  • Se os pelos ao redor da estomia são abundantes, corte-os com uma tesoura (não use gilete ou creme depilatório).
  • Não utilize qualquer tipo de creme gorduroso, pois pode impedir a boa aderência dos equipamentos.
  • Use um equipamento coletor que lhe proporcione a segurança de ter uma pele bem cuidada.

A importância dos adjuvantes

Os acessórios de ostomia têm muitas vantagens e podem ser utilizados em conjunto com os dispositivos de ostomia, com a finalidade de proteger a pele periestomal. Assim, os acessórios favorecem o cuidado da pele e melhoram a adaptabilidade do dispositivo ao estoma.

* Artigo publicado no jornal da Associação Paranaense dos Ostomizados

O cuidado na vida das pessoas ostomizadas: do paciente ao cuidador

João Carlos Carvalho Queiroz

Por: João Carlos Carvalho Queiroz
Doutor em Ciências da Saúde

A palavra cuidado é oriunda do latim cogitare – reflexão, pensamento; mas significa também atenção, cautela, precaução. Deriva do latim cura, usada num contexto de relações de amor e amizade.

O cuidado na vida das pessoas ostomizadas possui destacada importância, principalmente porque é ele que proporcionará a harmonia abrangente: na alimentação e hidratação, na higiene e no repouso, na escolha pela atividade física, nos pensamentos e no equilíbrio emocional para acolher possíveis intercorrências em diversos níveis.

O cuidado pode ser melhor compreendido se analisado em algumas dimensões na vida das pessoas ostomizadas:

O cuidado enquanto sentimento

Com o passar dos tempos, verifica-se diversas transformações na estrutura corpórea: seja na forma, nos padrões, na busca por soluções. O ser humano é um ser que se transforma e que se adapta a todo momento. “Nosso cotidiano vive sempre em busca de sentido. Mas, o sentido não é originário, não provém da exterioridade de nossos seres. Emerge [do experimentar], da participação, da fraternização, do Amor (MORIN, 1999).

A vida das pessoas ostomizadas passa por profundas transformações e adaptações com a “chegada” da bolsinha – um acessório de vida em casos, por exemplo, de ileostomia, colostomia e urostomia – desenvolvendo na pessoa sentimentos muito elevados no ato de cuidar-se.

O cuidado enquanto atitude

Cuidar, é mais que um ato. É atitude. Abrange mais do que um momento de atenção, zelo, desvelo – representa uma atitude de ocupação, preocupação e responsabilização com o outro (BOFF, 2004).

Não é um cuidar apenas afetivo, na/da outra pessoa; mas sim cuidar de um ser humano que, por ser vivo ou por pertencer a nossa existência, já é digno de ser cuidado.

O cuidado enquanto necessidade humana

Sem o cuidado, o ser humano deixa de ser humano, “desestrutura-se, perde sentido e morre” (BOFF, 2004).

Através do cuidado com outros seres humanos, a dignidade humana finalmente é [testada], protegida, estimulada e preservada (PERRY, 2004).

O cuidado enquanto relação estabelecida entre o cuidador e o ser cuidado

A relação de ajuda, para os cuidadores e os seres cuidados, se expressa no envolvimento. O Cuidador se torna uma referência para o ser cuidado; alguém que ele pode confiar e buscar quando necessário (WALDOW, 1998).

O cuidar prevê o respeito a privacidade, a garantia da independência e o estímulo a autonomia; pois, o excesso de cuidado tira a espontaneidade das pessoas e origina a vaidade, o narcisismo e a afetação (BOFF, 1999).

À medida que a parceria se processa, [a cumplicidade aumenta e] cada parceiro passa a entender melhor as necessidades do outro. Numa parceria verdadeira e confiante, ambos aprendem, mudam e evoluem (CAPRA, 1996).

O cuidado enquanto princípio ético

A ética é fundamentada por valores e princípios que norteiam o comportamento humano, mantendo uma conduta aceitável e em consonância com a vida; visando o bem individual e coletivo.

A ética deve ser uma edificação de responsabilidade para com a vida e para que tudo dela emane. A ética deve ser mobilizada pela paixão e pelo amor: o amor inteligente, previsível, comprometido com as consequências dos seus atos.

O cuidado e a formação profissional

O grande desafio para o ser humano é combinar trabalho com cuidado. Eles não se opõem, mas se compõem (BOFF, 1999). Eles se ajustam e se completam.

“O Cuidado deve ser construído em um processo de interação interpessoal, pressupondo coparticipação de experiências e crescimento do esforço comum em conhecer a realidade que se busca mudar, não permitindo uma relação de dominação e manipulação do que cuida sobre o que é cuidado” (FREIRE, 2016).

Enfim, o cuidado está presente na educação e na cultura das pessoas; manifestando-se na fé, no respeito, na paciência, na compaixão, na coragem, na perseverança e na gratidão.

Cuidados da pessoa estomizada durante os meses de frio

Por Fernanda Amaral
Assessora técnica B. BRAUN

Em cada estação do ano o corpo demanda determinados cuidados, e quem usa bolsas coletoras deve ficar atento a precauções mais específicas. O calor, por exemplo, exige cuidados adicionais com a pele e o estoma, além de trocas mais frequentes das bolsas. Mas o frio também pede atenções especiais.

A pessoa estomizada poderá utilizar roupas de inverno confortáveis que protejam o seu estoma, mas deve evitar roupas muito justas ou cintos apertados, que podem causar lesões na pele e danos à bolsa de estomia. Outro ponto importante é que nessa época a aderência da bolsa precisa de mais fricção e calor na placa, e muitas vezes a pele precisará do spray barreira para ajudar na aderência da placa.

No inverno também é preciso atenção ao ressecamento da pele ao redor do estoma e à alimentação. É comum, nas altas temperaturas, que a pele fique mais úmida devido ao suor; com isso, a pele ao redor do estoma pede mais atenção devido à umidade.    

Porém isso não acontece nos dias mais frios, em que essa área fica mais ressecada. Os meses de temperaturas baixas exigem cuidados gerais com o corpo. Manter a pele hidratada é um deles. Mas fique atento que ao redor do estoma não se deve passar nenhum tipo de hidratante ou óleo. Cremes e loções na pele próxima ao estoma podem prejudicar a aderência da placa e fazer com que a bolsa descole.

Para a hidratação da pele é preciso ficar atento em relação aos produtos utilizados. A pele ao redor do estoma pede produtos específicos para estomia, como o Spray de Barreira.

No inverno é normal comer mais, porque no frio as pessoas necessitam ingerir mais calorias para manter a temperatura corporal. Geralmente optamos por alimentos gordurosos e calóricos, que trazem mais saciedade e conforto, como é o caso de frituras, chocolates e outros. Mas atenção: isso pode tornar o odor do efluente mais fétido, e sua textura pode ser modificada, ficando mais pastosa ou líquida.

Nos meses frios, a ingestão de líquidos também é importantíssima. O ideal é consumir mais de 2,5 litros por dia, o que ajuda na hidratação da pele e na lubrificação do intestino.

Alimentos constipantes (como é o caso de ricota, queijos, batata, cenoura ou suco de maçã, limão, melão, melancia e caju) devem ser evitados. Alguns alimentos que causam odores fortes, como frutos do mar, carnes temperadas ou defumadas, ovos e outros, devem ser consumidos em menor quantidade.

Para resumir, veja abaixo cinco pontos de atenção que toda  pessoa estomizada deve levar em conta durante o inverno:

1. Tenha uma alimentação adequada;

2.  Lembre-se de beber água;

3.  Evite banhos quentes e demorados;

4. Utilize roupas confortáveis;

5. Passe hidratante em todo o corpo, mas não perto do estoma.

Seguindo essas dicas, curta o seu inverno sem exageros!

Na B. Braun temos a missão de proteger e melhorar a saúde das pessoas e valorizamos muito a troca de experiências e informações. Conte conosco não somente para produtos de qualidade, mas também para receber orientação e apoio nessa jornada!