Avaliação individualizada para reduzir o risco de vazamentos

Durante o período de isolamento social, todas as avaliações são feitas a distância, de forma segura

Por: Kellen Cristina de Souza (Enfermeira estomaterapeuta / especialista de marketing clínico da Coloplast)

A principal preocupação das pessoas com estomia, de acordo com o estudo Ostomy Life Study (2014), está ligada ao vazamento de efluentes, isto é, de fezes ou urina. Para se ter uma ideia do quanto essa situação gera preocupação, 91% das pessoas com estomia que participaram da pesquisa afirmaram ter grande preocupação com vazamento, e 76% informaram que já vivenciaram algum episódio desse tipo nos seis meses anteriores ao estudo.

Quando a pessoa sofre com preocupação constante a respeito de possíveis vazamentos ou passa por ocorrências como essa, há um impacto direto na qualidade de vida. Essas pessoas podem deixar de fazer muitas atividades que gostam no dia a dia, como praticar esportes e ter uma vida sexual normal, justamente pelo receio de vazar efluentes.

O fator exposição não é o único que pode despertar essa preocupação, já que o vazamento está diretamente ligado a problemas de pele. Quando ocorrem vazamentos, os efluentes entram em contato com a pele e geram irritação – 77% dos problemas de pele das pessoas com estomia estão relacionadas ao contato das fezes e urina com a pele. Outro ponto de atenção é que, quando há problemas de pele, haverá também dificuldades para fixação da base adesiva, e a pessoa não consegue sair desse ciclo.

Esse vazamento pode ter origem em um ajuste errado da base adesiva ou a partir de uma rotina inadequada de troca dessa base. Erros no ajuste do equipamento acontecem pela falta de avaliação individualizada do usuário. Quando o profissional de saúde consegue avaliar o paciente é possível entender quais são suas necessidades e entregar as soluções ideais para redução dos vazamentos. A avaliação individualizada tem como objetivo reduzir o risco de vazamento e, consequentemente, de outros problemas derivados, como você viu acima.

Nessa avaliação o primeiro passo é compreender o perfil corporal periestomal do usuário. Esse perfil pode ser regular, irregular ou abaulado. Cada perfil corporal apresenta desafios diferentes. Além de identificar o perfil, é preciso também observar se a região é flácida ou firme, se tem pregas cutâneas superficiais ou profundas, se esse estoma é protruso, retraído ou plano, entre outros aspectos.

A avaliação vai levar à indicação/prescrição dos equipamentos e adjuvantes mais adequados. É a partir da análise das características do perfil corporal que se pode definir se a pessoa precisa usar uma base plana ou convexa, ou se vai precisar de um anel moldável, por exemplo. Em outras palavras, a partir da avaliação é possível customizar e personalizar as soluções a serem entregues à pessoa com estomia com foco na melhora da sua qualidade de vida.

Através programa Coloplast Ativa, você pode fazer sua avaliação personalizada e receber suporte e orientação de forma fácil e rápida. Vale lembrar que a Coloplast conta com todas as ferramentas para proporcionar que a avaliação seja feita a distância e de forma segura durante o período de isolamento social.

Para conversar com nossa equipe entre em contato pelo telefone 0800 285 8687 (de seg. a sex., das 8h às 20h), ou pelo e-mail ativa@coloplast.com, e para saber mais sobre o programa, acesse coloplastativa.com.br

Como ostomizados e associações estão enfrentando a pandemia

Por: Gabriel Sestrem

Desde o início do período de isolamento social decorrente da pandemia do novo coronavírus, ostomizados de todo o Brasil foram impactados de alguma forma pela situação. Além de eventuais diminuições de renda e dos desafios próprios do isolamento social, há outras dificuldades mais específicas no dia a dia das pessoas com ostomia, como restrições ao atendimento médico presencial, eventuais limitações na retirada das bolsas nas unidades de saúde e a impossibilidade de participar das reuniões e atividades das associações regionais de apoio, como a APO. Essas associações, aliás, também vêm sendo bastante impactadas durante o período de quarentena, especialmente pela queda na entrada de recursos necessários para sua manutenção.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Ostomizados (Abraso), Antônio de Souza Amaral, vários presidentes de associações regionais o procuraram para relatar a preocupação com a sobrevivência dessas instituições, já que muitas delas se mantêm por meio de doações de voluntários e parceiros, e nesse período vem havendo uma queda generalizada na captação dos recursos. Para Antônio, os ostomizados precisam ter consciência de que o isolamento não é bom para o movimento de defesa dos seus direitos como um todo. “As associações são essenciais para a manutenção dos nossos direitos. Nossa deficiência é invisível, e essas instituições cumprem o papel de dar visibilidade a uma causa de enorme importância”.

O presidente da Abraso também aponta a necessidade de união das pessoas com ostomia no período pós-quarentena: “O trabalho corpo a corpo vai ser ainda mais importante. Os presidentes não fazem nada sozinhos, esse trabalho precisa ser coletivo. E daqui para a frente os ostomizados precisam se envolver mais e abraçar mais a causa. Em muitos locais do Brasil em que há falta de bolsas, isso acontece porque não há um trabalho organizado de defesa desses direitos”, explica.

Presidente Antônio de Souza Amaral, presidente
da Associação Brasileira de Ostomizados (Abraso)

Antônio também conta que, desde o início da pandemia, o trabalho da Abraso tem como foco atuar nas diferentes esferas de governo para evitar problemas no fornecimento das bolsas de ostomia. “Nosso receio é de que gestores de saúde usem a pandemia como desculpa para cortar recursos que são de nosso direito e também que haja atraso ou problemas com relação às próximas licitações”, afirma, destacando que, apesar de alguns problemas pontuais de falta de bolsas, atualmente a maioria dos estados está em situação equilibrada de fornecimento.“O trabalho corpo a corpo vai ser ainda mais importante. Os presidentes não fazem nada sozinhos, esse trabalho precisa ser coletivo. E daqui para a frente os ostomizados precisam se envolver mais e abraçar mais a causa. Em muitos locais do Brasil em que há falta de bolsas, isso acontece porque não há um trabalho organizado de defesa desses direitos”

OSTOMIZADOS DE CURITIBA

Quanto aos ostomizados de Curitiba, a restrição aos atendimentos médicos é uma das principais limitações percebidas. No entanto o atendimento a distância (feito por WhatsApp, telefone e em alguns casos por chamada de vídeo), realizado pelos enfermeiros estomaterapeutas, tem contribuído para minimizar o problema.

Ermelinda Exteketter fez a cirurgia de colostomia em abril deste ano e, ainda no hospital, foi instruída a entrar em contato com uma enfermeira estomaterapeuta para receber orientações sobre como lidar com o ostoma no dia a dia. O atendimento a distância foi essencial para que ela, sua cuidadora e seu filho pudessem ter todas as informações necessárias para os cuidados diários. “Esses atendimentos a distância são uma ajuda muito bem-vinda. A tecnologia contribui muito para a qualidade de vida não apenas das pessoas com ostomia, mas para todos os tipos de limitações de saúde”, observa Ermelinda.

Com relação à distribuição de bolsas, desde o início da pandemia foram percebidos alguns problemas pontuais. Marília Maito, tesoureira da associação, afirma que não foram entregues suas bolsas referentes ao mês de maio. “Na condição de ostomizada, felizmente não sofri grandes contratempos ou privações, e de forma geral não me faltaram os materiais necessários, apesar de não terem sido entregues as bolsas no mês de maio”, conta. A tesoureira explica que, quando ocorrem essas falhas na entrega dos materiais por parte do Sistema Único de Saúde, a APO busca suprir pontualmente os pacientes que estão com falta de material. Entretanto, com a interrupção das atividades da associação desde março, problemas na distribuição de bolsas por parte do poder público podem ocasionar impasses mais sérios para quem possui um ostoma.     “Nossa preocupação é justamente quanto a essa falta de atendimento aos ostomizados, pois oferecemos um importante suporte a todos os que precisam, não somente com relação às bolsas, mas também na assistência de enfermagem quanto a tratamentos das lesões de pele, curativos, orientações e todos os cuidados necessários. Para nós é desalentador faltar com o apoio a quem precisa. O atendimento a distância com os enfermeiros, por vídeo ou telefone, é o modo de amenizar situações mais urgentes, até que tudo tenha passado. Mas esperamos voltar o quanto antes à normalidade”, completa.

RECEBA ATENDIMENTO A DISTÂNCIA

Ostomizado, durante o período em que as atividades da APO se encontram temporariamente suspensas, caso precise de alguma orientação procure atendimento em sua unidade básica de saúde ou entre em contato com uma de nossas enfermeiras voluntárias para receber atendimento a distância:

► Enf. Ângela (Hollister): 41 98866-9053
► Enf. Thallita (B Braun): 41 99889-8392
► Enf. Thomas (Coloplast): 41 99208-6841
► Enf. Ketellyn (Convatec): 41 99999-1019

Experimente a resiliência!

A quarentena tem trazido mudanças na nossa forma de encarar a vida. Isso significa que precisamos reaprender a lidar com diversas situações que já estavam minimamente estabelecidas, como, por exemplo: rotina, trabalho, lazer, relacionamentos, finanças, autocontrole, solidão, dentre muitas outras questões que estão surgindo a cada dia.

Nesse cenário, há muitas pessoas que se deparam com a ociosidade. Mesmo tendo muito tempo livre, sentem-se improdutivas por não conseguirem colocar em prática tudo o que se propuseram a fazer para preencher esse espaço vazio. Independente de qual seja a sua situação, este é um momento de aprendizado. 

Um hábito importante que tem ajudado muita gente a lidar melhor com esse momento é a organização da rotina: ter horário para acordar, trabalhar, se alimentar, fazer exercícios físicos, dedicar ao lazer ou simplesmente para desacelerar e ter uma melhor noite de sono. Essa organização é essencial para o bem-estar emocional.

É preciso se organizar sem acrescentar à sua lista de tarefas atividades que possam exigir mais do que o necessário. O que estamos vivenciando não é uma competição de produtividade pessoal, mas um momento único e delicado. Ninguém estava preparado e todos precisam se adaptar respeitando seus próprios limites. 

Outro aspecto importante é a autopercepção. Saber identificar mais precisamente o que te faz bem e o que te desagrada traz maior consciência sobre si mesmo. Como consequência, isso irá te organizar e te alertar quanto ao que te deprime, causa ansiedade ou estresse. Busque listar e incluir no dia a dia atividades que, ainda que de forma sutil, tragam satisfação e bem-estar para sua mente. 

Você não é uma ilha. Nesse momento busque se relacionar, mesmo que de forma virtual ou por telefone. Saber que você tem um suporte pode trazer mais motivos para manter a mente sã. Lembre-se de que a manutenção dos relacionamentos pode ser diferente e procure novas formas de expressar amor e afeto.

Finalmente, vamos pensar simbolicamente sobre todo esse aprendizado. Suponha que, em relação às suas emoções, você tem sido esticado como um elástico. Parece que você já foi esticado até o seu limite, porém a vida às vezes te estica mais um pouco e, espantosamente, você suporta. Se continuarmos fazendo uma analogia do limite emocional com o elástico, podemos pensar que, depois que o elástico volta ao seu tamanho normal, ele suporta ser esticado com mais facilidade. Isso se chama resiliência.

Por meio de uma perspectiva única, desenvolver essa resiliência o tornará mais forte, flexível e, consequentemente, muito mais preparado para a realidade, seja ela tranquila, atribulada ou até mesmo, em tempos de crise, intensa.

Cuidados com a estomia em tempos de isolamento social

Enfermeiras voluntárias que atendem na APO estão orientando pacientes gratuitamente por telefone e vídeo durante a quarentena. Saiba mais clicando aqui

Cuidar do seu estoma envolve uma rotina bem ajustada que envolve tanto os momentos de autocuidado quanto o acompanhamento rotineiro dos serviços de assistência sempre que necessário. Seja o seu estoma uma novidade ou um “companheiro” de vários anos, é comum que complicações eventualmente surjam, e a enfermeira torna-se fundamental para analisar a solucionar a situação.

No entanto, considerando as restrições do atual momento, como podemos seguir confiantes no autocuidado sem temer complicações que possam surgir? Com a redução do funcionamento dos serviços de assistência, mais do que nunca chegou o momento de você ter mais consciência sobre o seu corpo e ter maior domínio sobre o cuidado próprio.

PREVENIR É O MELHOR CAMINHO

Na situação de isolamento, o que muda de fato em relação ao cuidado? A bolsa que você utiliza continua a mesma e os adjuvantes também; você não vai deixar de recebê-los (os serviços seguem dispensando produtos, ainda que com a escala de funcionários reduzida); o que muda, de fato, é a disponibilidade do suporte ambulatorial do serviço de assistência. Sendo assim, prevenir passa a ser o melhor remédio.

Para isso, seguem três dicas essenciais:

  1. Mantenha seu ritmo regular de troca de bolsas. O fato de estarmos a maior parte do tempo em casa e o medo de faltar produto nos serviços de assistência pode nos levar a querer prolongar a vida útil da bolsa. Isso, porém, coloca a pele em risco de dermatites associadas à incontinência, as conhecidas “assaduras”.
  • Observe a sua pele. Mais do que nunca, acompanhe a pele ao redor do estoma dia após dia. Observe se ela está coçando, se está mais avermelhada ao passar dos dias, se a aparência mudou de alguma forma e não deixe a situação escalonar. Antecipe-se a um problema maior. Comece a usar seus adjuvantes barreira protetora de pele imediatamente para que a pele retorne ao seu estado normal.
  • Busque ajuda. Caso a situação fuja do controle, use o telefone para buscar ajuda do seu serviço de assistência ou dos programas de suporte a pacientes das empresas de produtos para estomias. Muitos estão realizando atendimentos por vídeo, o que permitirá um suporte mais próximo à realidade do atendimento presencial.


CUIDE DA ALIMENTAÇÃO E DA MENTE

Um cenário de enfermidade, isolamento e incerteza é um “prato cheio” para sentimentos negativos, como estresse, depressão, ansiedade, insônia, entre outros. Lembre-se: este momento vai passar. É importante seguir as orientações de prevenção dos órgãos responsáveis e, igualmente importante, manter distância de notícias que nos fazem perder a esperança.

Crie o seu mundo de coisas boas: amanheça e agradeça por tudo que você tem ao redor, admire a beleza do dia e da natureza. Caso você viva sozinho, comece a ler um bom livro, assista a um filme leve, faça um curso pela Internet sobre algo que sempre desejou saber ou ligue para um amigo ou familiar. Por outro lado, se vive com sua família, aprecie as histórias de quem mora com você, converse mais com sua esposa ou marido e seja uma fonte de conforto e energia positiva para seus familiares.

Alimentar-se bem é outro fator importante, já que a alimentação adequada desempenha um papel essencial na imunidade. Cuide-se ainda mais evitando alimentos que possam fazer mal e mantenha uma alimentação regular e saudável.  

Por fim, aproveite esse momento para “dar um mergulho em você” e organizar sua vida em todos os aspectos. Deixe para trás tudo que não tem mais função e recomece como quem acabou de nascer: ávido por experiências, cheio de esperança e de vontade de viver!

Como você tem passado esse isolamento? Se precisar, entre em contato comigo pelo e-mail camila.marques@bbraun.com