Por: Gabriel Sestrem
Desde o início do período de isolamento social decorrente da pandemia do novo coronavírus, ostomizados de todo o Brasil foram impactados de alguma forma pela situação. Além de eventuais diminuições de renda e dos desafios próprios do isolamento social, há outras dificuldades mais específicas no dia a dia das pessoas com ostomia, como restrições ao atendimento médico presencial, eventuais limitações na retirada das bolsas nas unidades de saúde e a impossibilidade de participar das reuniões e atividades das associações regionais de apoio, como a APO. Essas associações, aliás, também vêm sendo bastante impactadas durante o período de quarentena, especialmente pela queda na entrada de recursos necessários para sua manutenção.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Ostomizados (Abraso), Antônio de Souza Amaral, vários presidentes de associações regionais o procuraram para relatar a preocupação com a sobrevivência dessas instituições, já que muitas delas se mantêm por meio de doações de voluntários e parceiros, e nesse período vem havendo uma queda generalizada na captação dos recursos. Para Antônio, os ostomizados precisam ter consciência de que o isolamento não é bom para o movimento de defesa dos seus direitos como um todo. “As associações são essenciais para a manutenção dos nossos direitos. Nossa deficiência é invisível, e essas instituições cumprem o papel de dar visibilidade a uma causa de enorme importância”.
O presidente da Abraso também aponta a necessidade de união das pessoas com ostomia no período pós-quarentena: “O trabalho corpo a corpo vai ser ainda mais importante. Os presidentes não fazem nada sozinhos, esse trabalho precisa ser coletivo. E daqui para a frente os ostomizados precisam se envolver mais e abraçar mais a causa. Em muitos locais do Brasil em que há falta de bolsas, isso acontece porque não há um trabalho organizado de defesa desses direitos”, explica.
Antônio também conta que, desde o início da pandemia, o trabalho da Abraso tem como foco atuar nas diferentes esferas de governo para evitar problemas no fornecimento das bolsas de ostomia. “Nosso receio é de que gestores de saúde usem a pandemia como desculpa para cortar recursos que são de nosso direito e também que haja atraso ou problemas com relação às próximas licitações”, afirma, destacando que, apesar de alguns problemas pontuais de falta de bolsas, atualmente a maioria dos estados está em situação equilibrada de fornecimento.“O trabalho corpo a corpo vai ser ainda mais importante. Os presidentes não fazem nada sozinhos, esse trabalho precisa ser coletivo. E daqui para a frente os ostomizados precisam se envolver mais e abraçar mais a causa. Em muitos locais do Brasil em que há falta de bolsas, isso acontece porque não há um trabalho organizado de defesa desses direitos”
OSTOMIZADOS DE CURITIBA
Quanto aos ostomizados de Curitiba, a restrição aos atendimentos médicos é uma das principais limitações percebidas. No entanto o atendimento a distância (feito por WhatsApp, telefone e em alguns casos por chamada de vídeo), realizado pelos enfermeiros estomaterapeutas, tem contribuído para minimizar o problema.
Ermelinda Exteketter fez a cirurgia de colostomia em abril deste ano e, ainda no hospital, foi instruída a entrar em contato com uma enfermeira estomaterapeuta para receber orientações sobre como lidar com o ostoma no dia a dia. O atendimento a distância foi essencial para que ela, sua cuidadora e seu filho pudessem ter todas as informações necessárias para os cuidados diários. “Esses atendimentos a distância são uma ajuda muito bem-vinda. A tecnologia contribui muito para a qualidade de vida não apenas das pessoas com ostomia, mas para todos os tipos de limitações de saúde”, observa Ermelinda.
Com relação à distribuição de bolsas, desde o início da pandemia foram percebidos alguns problemas pontuais. Marília Maito, tesoureira da associação, afirma que não foram entregues suas bolsas referentes ao mês de maio. “Na condição de ostomizada, felizmente não sofri grandes contratempos ou privações, e de forma geral não me faltaram os materiais necessários, apesar de não terem sido entregues as bolsas no mês de maio”, conta. A tesoureira explica que, quando ocorrem essas falhas na entrega dos materiais por parte do Sistema Único de Saúde, a APO busca suprir pontualmente os pacientes que estão com falta de material. Entretanto, com a interrupção das atividades da associação desde março, problemas na distribuição de bolsas por parte do poder público podem ocasionar impasses mais sérios para quem possui um ostoma. “Nossa preocupação é justamente quanto a essa falta de atendimento aos ostomizados, pois oferecemos um importante suporte a todos os que precisam, não somente com relação às bolsas, mas também na assistência de enfermagem quanto a tratamentos das lesões de pele, curativos, orientações e todos os cuidados necessários. Para nós é desalentador faltar com o apoio a quem precisa. O atendimento a distância com os enfermeiros, por vídeo ou telefone, é o modo de amenizar situações mais urgentes, até que tudo tenha passado. Mas esperamos voltar o quanto antes à normalidade”, completa.
RECEBA ATENDIMENTO A DISTÂNCIA
Ostomizado, durante o período em que as atividades da APO se encontram temporariamente suspensas, caso precise de alguma orientação procure atendimento em sua unidade básica de saúde ou entre em contato com uma de nossas enfermeiras voluntárias para receber atendimento a distância:
► Enf. Ângela (Hollister): 41 98866-9053
► Enf. Thallita (B Braun): 41 99889-8392
► Enf. Thomas (Coloplast): 41 99208-6841
► Enf. Ketellyn (Convatec): 41 99999-1019