A saúde intestinal é um aspecto muito relevante para o paciente ostomizado, afinal manter uma microbiota saudável é fundamental para prevenir diarreia, constipação e outros sintomas relacionados. A microbiota diz respeito às bactérias que vivem em nosso intestino. Algumas delas têm um potencial benéfico para o organismo, enquanto outras podem trazer consequências ruins.
Nosso intestino contém alta concentração de bactérias – cerca de 100 trilhões. Essa variedade é fundamental para a saúde; dentre suas funções estão o fortalecimento da imunidade, a renovação de células, o combate a bactérias patogênicas (que provocam doenças) e a absorção de nutrientes. E a dieta adequada é um dos fatores que contribui com a saúde intestinal, junto com outros hábitos positivos: não fumar, controlar o estresse, praticar atividade física e não usar drogas.
Sobre a alimentação, há práticas simples que podem ajudar muito a melhorar a saúde intestinal e que foram listadas no estudo “Nutrição, estresse oxidativo e disbiose intestinal: influência da dieta na microbiota intestinal nas doenças inflamatórias intestinais”, de Giovanni Tomasello e colaboradores, realizado em 2016.
Veja algumas das recomendações:
• Beba de 1,5 a 2 litros de água por dia: essa é uma quantidade suficiente para prevenir constipação e reidratar o organismo após período de diarreia.
• Consuma pelo menos dois tipos de vegetais por dia e de uma a duas porções de frutas diariamente, variando as cores e consistências dos vegetais.
• Duas a três porções de laticínios (leite, iogurte, queijos brancos) por dia – estes contribuem com a fermentação de bactérias em nosso intestino. Mas calma! Talvez após a ostomia você tenha desconforto ao tomar leite. Não tem problema, basta garantir uma adequada fonte de cálcio (vegetais verdes escuros, gergelim, leguminosas ou couve-flor) e continuar consumindo alimentos saudáveis para a saúde do seu intestino.
• Limite o consumo de alimentos ultraprocessados ou ricos em açúcar e/ou gordura (bolacha recheada, sorvetes, chocolates e embutidos (como mortadela, presunto e salsicha), refrigerante e suco industrializado. O ideal é que se consuma no máximo duas porções desses alimentos por semana.
É sempre importante lembrar que uma alimentação saudável consiste em um padrão – ou seja, é o que fazemos dia após dia, abrindo pequenas exceções nos finais de semana ou em datas comemorativas.
O ostomizado pode ter algumas reações diferentes com os mesmos alimentos que comia antes da cirurgia. Por isso é importante fazer um diário, anotando os alimentos reintroduzidos após a ostomia e listando eventuais sintomas, para que você possa conversar sobre isso com o profissional de saúde que o acompanha.
Texto escrito por Aline Fernanda (nutricionista e vice-presidente da APO), adaptado do estudo Nutrition, oxidative stress and intestinal dysbiosis: Influence of diet on gut microbiota in inflammatory bowel diseases – 2016).