Ser dependente de um dispositivo adesivo para realizar as atividades diárias impõe a necessidade do cuidado extremo com a pele ao redor da estomia. Diante dessa necessidade, devemos ter todo cuidado ao medir a estomia, marcar e recortar a abertura na base do equipamento coletor, pois ela é a responsável por evitar o contato do efluente (fezes ou urina) com a pele, o que pode causar ferimento.
Para alguns, esse recorte pode parecer um procedimento simples, mas para outros é um grande desafio. Esses são obstáculos frequentes de pessoas idosas, crianças, ou aquelas que apresentam sequelas por outras doenças, como AVC, ou outras deficiências.
O fato de ter uma característica limitante para o uso da tesoura não pode significar a impossibilidade de realizar o autocuidado. Para dispensá-la existe no mercado a base adesiva moldável, composta por hidrocoloides diferenciados que podem ser moldados com os dedos, como uma massinha de modelar. Dessa maneira, cria-se a abertura ideal para encaixar a estomia e evitar vazamentos indesejáveis.
Quando a estomia tem forma arredondada e regular também pode-se pensar em bases adesivas pré-cortadas (que já vem no tamanho exato, sem precisar ser recortada) como alternativa. Por outro lado, a base moldável apresenta outra grande particularidade que vai além do uso da tesoura: sua composição trilaminada (com três camadas) garante uma proteção extra da pele.
De fato, pessoas com estomia mais precavidas não saem de casa sem seu kit-emergência (normalmente com a tesoura) para o caso de necessitarem fazer uma troca, Mas há situações em que portar uma tesoura pode significar problemas. Eu mesma, como pessoa com estomia, já passei por várias situações nas quais a tesoura me gerou constrangimentos. Um dos casos que mais me marcou foi durante uma viagem de avião em que fui impedida de embarcar e tive que esperar por horas até me encaixarem em outro voo. Depois de muita conversa (e de ter que mostrar minha estomia aos funcionários) finalmente cheguei ao meu destino, com meu kit completo, inclusive minha tesoura.
São inúmeras as situações que podem apresentar essa dificuldade. Ir ao banco pode ser um problema, assim como o cuidado de crianças com estomia em idade escolar; o fato de estar constantemente com uma tesoura pode gerar preocupação aos pais.
O que pode representar pequenos detalhes para uns, para outros pode ser um ponto determinante. Precisamos garantir que profissionais da saúde estejam sempre atualizados sobre produtos disponíveis no mercado, que tenham empatia no cuidado e percebam as necessidades individuais de cada um buscando a melhor solução para cada situação.