Prefeito Gustavo Fruet afirmou que a gestão atual enfrenta muitas dívidas e está fazendo o possível para melhorar situação de má distribuição de bolsas de ostomia

No dia 3 de dezembro, em virtude da comemoração do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, ocorreu, no salão nobre da Prefeitura de Curitiba, uma audiência com escolas e entidades que representam pessoas com deficiência. Na ocasião, a ex-presidente da APO, Luiza Helena Silveira foi sorteada para fazer uma pergunta ao prefeito Gustavo Fruet. Após a leitura do texto questionando os problemas enfrentados pelos ostomizados na aquisição de bolsas de ostomia pela saúde pública, os participantes do evento aplaudiram em pé, sensibilizados com a situação em que os ostomizados estão enfrentando.

O prefeito respondeu que a gestão atual enfrenta muitas dívidas e está fazendo o possível para melhorar a situação explanada.

A APO está acompanhando atentamente a situação da falta de bolsas de ostomia. Informamos que os ostomizados começaram a receber novamente as bolsas, mas ainda existem reclamações sobre a falta de material.

Leia a carta na íntegra:

Sr. Prefeito,

Com todo respeito e sem nenhuma intenção de causar constrangimento, nos permita usar de imaginação e criar uma historinha.

O relato dessa historinha foi a maneira que encontramos para possivelmente sensibilizá-lo com o que vem acontecendo com o fornecimento de bolsas de colostomia.

A história é a seguinte:

“O Sr. Prefeito vai ao banheiro de seu gabinete, e lá pelas tantas, precisa usar papel higiênico.

Descobre, nesse momento, que não há papel higiênico no seu banheiro. Desesperado, grita para sua secretária que providencie-o imediatamente.

Ela fala com o assessor, que por sua vez passa um e-mail para o Suprimentos, que liga para o almoxarifado.

O almoxarifado informa que não tem papel higiênico no estoque, que está sendo feito licitação para efetuar a compra.

Essa informação chega até o senhor, que continua desesperado trancado no banheiro e diz novamente para a secretária:

“Essa licitação vai demorar. Peça para fazer uma compra emergencial!”

Isso foi feito. Alguém corre até a mercearia do seu Zé e compra o tão esperado papel higiênico, porém sem nenhum critério e em quantidade que não vai dar para todo mundo.

Mas, enfim, o senhor resolveu seu problema. Porém, sai do banheiro bravo, indignado, esbravejando:

“Isso é uma humilhação ao ser humano! Isso é inconstitucional! É uma desobediência à Portaria 400 de 2009! Chame esse irresponsável que deixou faltar papel higiênico. Eu vou exonerá-lo à bem do serviço público!”

O funcionário chega, cabisbaixo, pedindo:

“Não me mande embora. Tenho filhos pra criar e uma esposa ostomizada”.

O senhor, ainda indignado, responde:

“Ostomizada? O que é isso? Que desculpa esfarrapada”.

E o funcionário continua implorando:

“A culpa não é minha. A culpa é do Luciano e do Beto”.

“Luciano? Beto”, pergunta o Sr. Prefeito. “Quem são esses caras?”

Então responde o funcionário:

“Ora, Sr. Prefeito, o Luciano Ducci e o Beto Richa. O senhor vive dizendo que a culpa é deles e que por isso suspendeu todas as compras e que até ia processá-los”.

MORAL DA HISTÓRIA

Não tem momento mais humilhante e indignante para uma pessoa que, quando vai ao banheiro, precisa de papel higiênico e não encontra-o. No entanto, quando essa pessoa é ostomizada é humilhante, indignante e revoltante quando lhe falta bolsa coletora para fazer sua higiene pessoal.

Enfim, os ostomizados lhe perguntam:

– Vai demitir o funcionário que deixou faltar bolsas de colostomia, servindo de exemplo para que isso não aconteça mais?

– Vai processar o governo anterior (aliás já devia tê-lo feito), pois com o dinheiro da indenização teria feito a compra?

– Na sua opinião, a Associação Paranaense dos Ostomizados deveria processar a Prefeitura Municipal de Curitiba, por desrespeito a lei, e ao ser humano ostomizado?

Pedimos escusas, se fomos agressivos na nossa explanação, mas isso é um desabafo.

Muito obrigado.

Luiza Helena F. Silveira
Associação Paranaense dos Ostomizados