Viver com uma estomia: como cuidar da mente na fase de adaptação ao estoma

A vida com um estoma é uma realidade para inúmeras pessoas em todo o mundo. Embora as estomias salvem vidas e possam melhorar significativamente a saúde física, também trazem desafios emocionais e psicológicos que exigem adaptação e resiliência.  

A adaptação psicológica à vida com um estoma é um processo complexo e individual. Para muitos, o diagnóstico que leva à cirurgia de estomia é um momento de grande impacto emocional. A ideia de viver com uma bolsa coletora pode gerar sentimentos de medo, ansiedade, vergonha e até mesmo luto pela perda da função corporal natural. Essas emoções são completamente normais e fazem parte do processo de aceitação. Por isso é essencial que os pacientes recebam suporte adequado, tanto da equipe de saúde quanto de familiares e amigos.

Um dos grandes desafios do estomizado é lidar com a mudança na autoimagem. O corpo passa por uma transformação significativa, e muitos pacientes podem se sentir inseguros ou desconfortáveis com sua aparência. A presença da bolsa coletora pode afetar a autoestima, especialmente em situações sociais ou íntimas. É comum que as pessoas se sintam preocupadas com vazamentos, odores ou barulhos, o que pode levar ao isolamento social. Nesse contexto, o apoio psicológico é fundamental para ajudar o paciente a reconstruir sua autoimagem e aceitar seu corpo de uma forma positiva. 

A informação é uma ferramenta fundamental nesse processo. Conhecer o funcionamento da estomia, aprender a cuidar da bolsa coletora e entender que é possível levar uma vida ativa e plena são passos importantes para a adaptação. 

Outro aspecto de grande importância é a comunicação aberta com familiares e parceiros.  Uma estomia pode afetar não só o paciente, mas também as pessoas do seu convívio. É importante que essas pessoas próximas estejam dispostas a ouvir, compreender e oferecer suporte emocional.

A adaptação psicológica também envolve a ressignificação da vida. Muitos pacientes descobrem que, apesar dos desafios, a presença da estomia não os impede de realizar seus sonhos e objetivos. Com os avanços tecnológicos, as bolsas coletoras são cada vez mais discretas e eficientes. Isso permite que as pessoas tenham uma vida social ativa. O segredo está em focar nas possibilidades, e não nas limitações.

A adaptação psicológica não tem um prazo determinado. Pode levar meses ou até anos para que o paciente se sinta completamente confortável com a nova realidade. Durante esse período, é essencial buscar ajuda profissional psicológica. 

Cada jornada é única. O que funciona para um pode não funcionar para outro, e não há uma “maneira certa” de viver com um estoma. O importante é respeitar o próprio ritmo e buscar apoio quando necessário.

A adaptação psicológica à vida com uma estomia é um processo de autoconhecimento e resiliência. Envolve aprender a conviver com as mudanças, encontrar novas formas de se relacionar com o corpo e redescobrir a alegria de viver. Com o suporte adequado é possível não apenas sobreviver, mas ir além dos limites, mostrando que a força humana é capaz de superar até os desafios mais difíceis.

Por: Melina Hirayama

Enfermeira Estomaterapeuta Assessora Técnico/ Comercial Life Santé 

Seu intestino pode influenciar sua saúde mental: a conexão entre microbiota e depressão

Por: Aline Fernanda dos Santos | Nutricionista e ex-vice-presidente APO

A depressão é um problema de saúde pública global, e, após a pandemia de Covid-19, os números dessa condição aumentaram significativamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 11 milhões de brasileiros são afetados pela doença.

A depressão é uma condição multifatorial, ou seja, pode ser causada por diferentes fatores. Nos últimos anos, um deles tem chamado a atenção dos pesquisadores: a relação entre o intestino e o cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro.

Um estudo intitulado Brain-gut-microbiota axis in depression: A historical overview and future directions (2022) trouxe uma revisão detalhada sobre o tema. Segundo os autores, há evidências de que a microbiota intestinal se comunica com o sistema nervoso central (SNC) por meio de diferentes vias, influenciando diretamente a saúde mental, incluindo a depressão (Foster e McVey Neufeld, 2013; Morais et al., 2021; Simpson et al., 2021).

Como o intestino se comunica com o cérebro?

O sistema nervoso central e o sistema nervoso entérico (SNE) estão em constante troca de informações. O cérebro envia sinais para o intestino que regulam o apetite, o metabolismo e a digestão. Por outro lado, um intestino desequilibrado pode enviar ao cérebro sinais inflamatórios e prejudicar a absorção de medicamentos psiquiátricos, essenciais para o tratamento da depressão.

Pesquisas em animais mostraram que ratos com maior presença de ácidos graxos de cadeia curta e bactérias intestinais benéficas lidavam melhor com o estresse. Já estudos em humanos diagnosticados com depressão identificaram diferenças na composição da microbiota intestinal entre pessoas com e sem a doença.

A reposição de probióticos – conhecidas como “bactérias boas” – pode auxiliar no tratamento da depressão, desde que seja feita no momento adequado e com orientação médica ou nutricional.

O papel dos ácidos graxos de cadeia curta

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), produzidos pelas bactérias intestinais, desempenham um papel fundamental na saúde mental. Eles contribuem para a produção de serotonina – o neurotransmissor do bem-estar – e ajudam a fortalecer a barreira hematoencefálica, protegendo o cérebro contra inflamações e outras doenças.

Como cuidar do intestino e melhorar a saúde mental?

Para fortalecer a comunicação entre o intestino e o cérebro, algumas mudanças na rotina podem ajudar:

✔️ Manter uma alimentação equilibrada, rica em fibras e alimentos naturais;
✔️ Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, como biscoitos, bolos industrializados, cereais matinais e caldas açucaradas;
✔️ Evitar o excesso de gordura saturada na dieta;
✔️ Utilizar medicações conforme orientação médica;
✔️ Praticar atividade física regularmente, o que também contribui para a saúde intestinal.

Por fim, se você tem sentido dificuldades para lidar com suas emoções e pensamentos, procure apoio profissional. Médicos, enfermeiros e psicólogos podem ajudar. Se necessário, busque atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Você não está sozinho, e há caminhos para melhorar sua saúde mental!

O que é disbiose intestinal? Entenda os sintomas e a prevenção

Por Glória Marcondes
Estomaterapeuta e assessora técnica da CASEX

Dieta rica em fibras, uso criterioso de antibióticos e prática de exercícios físicos regulares são abordagens benéficas contra a disbiose intestinal (Freepik)

A disbiose, termo que denota um desequilíbrio na comunidade microbiana do corpo, tem despertado crescente interesse na comunidade científica. Com ênfase na disbiose intestinal, este artigo explora as complexidades dessa condição e seus impactos em nossa saúde.

A disbiose geral refere-se a alterações negativas na composição e função da microbiota, que é o conjunto de microrganismos que habitam naturalmente o corpo humano. Essa disfunção pode ocorrer em diversos órgãos, mas a disbiose intestinal é particularmente significativa, dada a centralidade do trato gastrointestinal para a saúde de todo o corpo.

O intestino humano é habitado por trilhões de microrganismos, desempenhando papel crucial na digestão, absorção de nutrientes e modulação do sistema imunológico. Quando há quebra no equilíbrio dessa comunidade, surgem condições propícias para o desenvolvimento da disbiose intestinal. Fatores como uso indiscriminado de antibióticos, dieta pobre em fibras, estresse crônico e infecções gastrointestinais podem desencadear esse desequilíbrio.

Os sintomas da disbiose intestinal são diversos e podem variar desde desconforto abdominal e irregularidades no trânsito intestinal até problemas imunológicos e inflamatórios. A integridade da barreira intestinal, responsável por manter o equilíbrio entre o ambiente externo e o interno, é comprometida na disbiose, levando a um aumento da permeabilidade intestinal. Isso permite a passagem de substâncias indesejadas para a corrente sanguínea, desencadeando reações imunológicas adversas.

Além disso, a disbiose intestinal tem sido associada a uma série de condições crônicas, incluindo doenças autoimunes, obesidade, diabetes e distúrbios neuropsiquiátricos. A comunicação entre o intestino e o cérebro é afetada pela disbiose, podendo contribuir para distúrbios como ansiedade e depressão.

Diante desse cenário, estratégias para restaurar a saúde da microbiota intestinal têm sido objeto de intensa pesquisa. A promoção da diversidade bacteriana por meio de uma dieta rica em fibras, uso criterioso de antibióticos, prática de exercícios físicos regulares e incorporação de probióticos na dieta são abordagens consideradas benéficas.

A compreensão da disbiose intestinal está evoluindo, e novas terapias estão sendo desenvolvidas para restaurar o equilíbrio microbiota. A pesquisa em microbioma, a análise avançada de dados genômicos e as intervenções personalizadas estão moldando o futuro da abordagem terapêutica para a disbiose.

Concluindo: a disbiose intestinal emerge como um campo fascinante e crucial na compreensão da saúde humana. Seu impacto vai além do sistema digestivo, influenciando diversas áreas do organismo. A busca por estratégias eficazes para preveni-la e tratá-la representa um avanço significativo na promoção da saúde global e no manejo de doenças associadas a esse desequilíbrio microbiano.

Cuidados da pessoa estomizada durante os meses de frio

Por Fernanda Amaral
Assessora técnica B. BRAUN

Em cada estação do ano o corpo demanda determinados cuidados, e quem usa bolsas coletoras deve ficar atento a precauções mais específicas. O calor, por exemplo, exige cuidados adicionais com a pele e o estoma, além de trocas mais frequentes das bolsas. Mas o frio também pede atenções especiais.

A pessoa estomizada poderá utilizar roupas de inverno confortáveis que protejam o seu estoma, mas deve evitar roupas muito justas ou cintos apertados, que podem causar lesões na pele e danos à bolsa de estomia. Outro ponto importante é que nessa época a aderência da bolsa precisa de mais fricção e calor na placa, e muitas vezes a pele precisará do spray barreira para ajudar na aderência da placa.

No inverno também é preciso atenção ao ressecamento da pele ao redor do estoma e à alimentação. É comum, nas altas temperaturas, que a pele fique mais úmida devido ao suor; com isso, a pele ao redor do estoma pede mais atenção devido à umidade.    

Porém isso não acontece nos dias mais frios, em que essa área fica mais ressecada. Os meses de temperaturas baixas exigem cuidados gerais com o corpo. Manter a pele hidratada é um deles. Mas fique atento que ao redor do estoma não se deve passar nenhum tipo de hidratante ou óleo. Cremes e loções na pele próxima ao estoma podem prejudicar a aderência da placa e fazer com que a bolsa descole.

Para a hidratação da pele é preciso ficar atento em relação aos produtos utilizados. A pele ao redor do estoma pede produtos específicos para estomia, como o Spray de Barreira.

No inverno é normal comer mais, porque no frio as pessoas necessitam ingerir mais calorias para manter a temperatura corporal. Geralmente optamos por alimentos gordurosos e calóricos, que trazem mais saciedade e conforto, como é o caso de frituras, chocolates e outros. Mas atenção: isso pode tornar o odor do efluente mais fétido, e sua textura pode ser modificada, ficando mais pastosa ou líquida.

Nos meses frios, a ingestão de líquidos também é importantíssima. O ideal é consumir mais de 2,5 litros por dia, o que ajuda na hidratação da pele e na lubrificação do intestino.

Alimentos constipantes (como é o caso de ricota, queijos, batata, cenoura ou suco de maçã, limão, melão, melancia e caju) devem ser evitados. Alguns alimentos que causam odores fortes, como frutos do mar, carnes temperadas ou defumadas, ovos e outros, devem ser consumidos em menor quantidade.

Para resumir, veja abaixo cinco pontos de atenção que toda  pessoa estomizada deve levar em conta durante o inverno:

1. Tenha uma alimentação adequada;

2.  Lembre-se de beber água;

3.  Evite banhos quentes e demorados;

4. Utilize roupas confortáveis;

5. Passe hidratante em todo o corpo, mas não perto do estoma.

Seguindo essas dicas, curta o seu inverno sem exageros!

Na B. Braun temos a missão de proteger e melhorar a saúde das pessoas e valorizamos muito a troca de experiências e informações. Conte conosco não somente para produtos de qualidade, mas também para receber orientação e apoio nessa jornada!