O que é disbiose intestinal? Entenda os sintomas e a prevenção

Por Glória Marcondes
Estomaterapeuta e assessora técnica da CASEX

Dieta rica em fibras, uso criterioso de antibióticos e prática de exercícios físicos regulares são abordagens benéficas contra a disbiose intestinal (Freepik)

A disbiose, termo que denota um desequilíbrio na comunidade microbiana do corpo, tem despertado crescente interesse na comunidade científica. Com ênfase na disbiose intestinal, este artigo explora as complexidades dessa condição e seus impactos em nossa saúde.

A disbiose geral refere-se a alterações negativas na composição e função da microbiota, que é o conjunto de microrganismos que habitam naturalmente o corpo humano. Essa disfunção pode ocorrer em diversos órgãos, mas a disbiose intestinal é particularmente significativa, dada a centralidade do trato gastrointestinal para a saúde de todo o corpo.

O intestino humano é habitado por trilhões de microrganismos, desempenhando papel crucial na digestão, absorção de nutrientes e modulação do sistema imunológico. Quando há quebra no equilíbrio dessa comunidade, surgem condições propícias para o desenvolvimento da disbiose intestinal. Fatores como uso indiscriminado de antibióticos, dieta pobre em fibras, estresse crônico e infecções gastrointestinais podem desencadear esse desequilíbrio.

Os sintomas da disbiose intestinal são diversos e podem variar desde desconforto abdominal e irregularidades no trânsito intestinal até problemas imunológicos e inflamatórios. A integridade da barreira intestinal, responsável por manter o equilíbrio entre o ambiente externo e o interno, é comprometida na disbiose, levando a um aumento da permeabilidade intestinal. Isso permite a passagem de substâncias indesejadas para a corrente sanguínea, desencadeando reações imunológicas adversas.

Além disso, a disbiose intestinal tem sido associada a uma série de condições crônicas, incluindo doenças autoimunes, obesidade, diabetes e distúrbios neuropsiquiátricos. A comunicação entre o intestino e o cérebro é afetada pela disbiose, podendo contribuir para distúrbios como ansiedade e depressão.

Diante desse cenário, estratégias para restaurar a saúde da microbiota intestinal têm sido objeto de intensa pesquisa. A promoção da diversidade bacteriana por meio de uma dieta rica em fibras, uso criterioso de antibióticos, prática de exercícios físicos regulares e incorporação de probióticos na dieta são abordagens consideradas benéficas.

A compreensão da disbiose intestinal está evoluindo, e novas terapias estão sendo desenvolvidas para restaurar o equilíbrio microbiota. A pesquisa em microbioma, a análise avançada de dados genômicos e as intervenções personalizadas estão moldando o futuro da abordagem terapêutica para a disbiose.

Concluindo: a disbiose intestinal emerge como um campo fascinante e crucial na compreensão da saúde humana. Seu impacto vai além do sistema digestivo, influenciando diversas áreas do organismo. A busca por estratégias eficazes para preveni-la e tratá-la representa um avanço significativo na promoção da saúde global e no manejo de doenças associadas a esse desequilíbrio microbiano.

Cuidados da pessoa estomizada durante os meses de frio

Por Fernanda Amaral
Assessora técnica B. BRAUN

Em cada estação do ano o corpo demanda determinados cuidados, e quem usa bolsas coletoras deve ficar atento a precauções mais específicas. O calor, por exemplo, exige cuidados adicionais com a pele e o estoma, além de trocas mais frequentes das bolsas. Mas o frio também pede atenções especiais.

A pessoa estomizada poderá utilizar roupas de inverno confortáveis que protejam o seu estoma, mas deve evitar roupas muito justas ou cintos apertados, que podem causar lesões na pele e danos à bolsa de estomia. Outro ponto importante é que nessa época a aderência da bolsa precisa de mais fricção e calor na placa, e muitas vezes a pele precisará do spray barreira para ajudar na aderência da placa.

No inverno também é preciso atenção ao ressecamento da pele ao redor do estoma e à alimentação. É comum, nas altas temperaturas, que a pele fique mais úmida devido ao suor; com isso, a pele ao redor do estoma pede mais atenção devido à umidade.    

Porém isso não acontece nos dias mais frios, em que essa área fica mais ressecada. Os meses de temperaturas baixas exigem cuidados gerais com o corpo. Manter a pele hidratada é um deles. Mas fique atento que ao redor do estoma não se deve passar nenhum tipo de hidratante ou óleo. Cremes e loções na pele próxima ao estoma podem prejudicar a aderência da placa e fazer com que a bolsa descole.

Para a hidratação da pele é preciso ficar atento em relação aos produtos utilizados. A pele ao redor do estoma pede produtos específicos para estomia, como o Spray de Barreira.

No inverno é normal comer mais, porque no frio as pessoas necessitam ingerir mais calorias para manter a temperatura corporal. Geralmente optamos por alimentos gordurosos e calóricos, que trazem mais saciedade e conforto, como é o caso de frituras, chocolates e outros. Mas atenção: isso pode tornar o odor do efluente mais fétido, e sua textura pode ser modificada, ficando mais pastosa ou líquida.

Nos meses frios, a ingestão de líquidos também é importantíssima. O ideal é consumir mais de 2,5 litros por dia, o que ajuda na hidratação da pele e na lubrificação do intestino.

Alimentos constipantes (como é o caso de ricota, queijos, batata, cenoura ou suco de maçã, limão, melão, melancia e caju) devem ser evitados. Alguns alimentos que causam odores fortes, como frutos do mar, carnes temperadas ou defumadas, ovos e outros, devem ser consumidos em menor quantidade.

Para resumir, veja abaixo cinco pontos de atenção que toda  pessoa estomizada deve levar em conta durante o inverno:

1. Tenha uma alimentação adequada;

2.  Lembre-se de beber água;

3.  Evite banhos quentes e demorados;

4. Utilize roupas confortáveis;

5. Passe hidratante em todo o corpo, mas não perto do estoma.

Seguindo essas dicas, curta o seu inverno sem exageros!

Na B. Braun temos a missão de proteger e melhorar a saúde das pessoas e valorizamos muito a troca de experiências e informações. Conte conosco não somente para produtos de qualidade, mas também para receber orientação e apoio nessa jornada!

O retorno de crianças com ostomia à escola

Por Silvana Zanette
Responsável técnica LIFE SANTÉ

A perspectiva de retorno à escola após uma cirurgia de estomia que alterou drasticamente a vida de uma criança pode ser bastante desafiadora, independentemente da idade. Lidar com essa nova condição, enfrentar mudanças na imagem corporal e adaptar-se ao ambiente escolar são preocupações significativas, tanto para a criança quanto para os pais. Identificar as necessidades específicas da criança, dos pais e da escola, assim como dos funcionários, é crucial para um retorno bem-sucedido à escola.

É importante conversar com a criança sobre as novas situações e orientá-la sobre a quem recorrer em caso de necessidade, levando em consideração sua idade e habilidades de comunicação. Se possível, essas questões devem ser discutidas antes do retorno, apresentando possíveis situações e explicando o que será feito, o que contribuirá para que a criança e os pais se sintam seguros.

Uma experiência positiva na escola é fundamental para garantir um bom resultado. Portanto, é crucial que os funcionários da escola recebam uma orientação adequada, treinamento contínuo e apoio para cuidar adequadamente da criança durante o período que estiver na escola. Como parte dessa orientação, a escola deve criar um plano de cuidados específico para a criança, abordando questões como:

•  A quem a criança pode recorrer em caso de necessidade?
• É permitido que a criança saia da sala de aula quando necessário?
• Onde ela pode armazenar seus materiais para a troca da bolsa de estomia?
• Onde pode esvaziar ou trocar a bolsa?
• A criança precisa falar sobre isso com seus amigos? O que ela deve dizer se eles perguntarem?
• Haverá provocações ou zombarias por parte dos colegas?
• A bolsa causará mau cheiro?
• O estoma emitirá ruídos ou barulhos?
• As pessoas poderão ver a bolsa sob as roupas da criança?
• A criança poderá participar das aulas de Educação Física?

É importante designar profissionais da escola como pontos de contato para a criança em busca de suporte. Para os cuidados diários na escola, é essencial fornecer um local seguro para armazenar os suprimentos de estomia, ter uma troca de roupa disponível na escola e identificar o banheiro mais próximo para a troca da bolsa.

Em relação à alimentação, é preciso garantir fácil acesso à hidratação e verificar se o aluno necessita de alguma dieta especial. Atividades esportivas podem exigir orientações adicionais para proteção extra do local da estomia. Para viagens escolares, é fundamental que a criança leve suprimentos extras para a troca da bolsa e que haja um professor de referência disponível caso ela precise de auxílio.

Uma estomia não é um obstáculo para o desenvolvimento saudável e ativo de uma criança. Com o apoio e os cuidados adequados, ela tem o potencial de alcançar seu pleno desenvolvimento. É fundamental que todas as crianças e pessoas com necessidades de saúde desfrutem dos mesmos direitos e oportunidades que os demais alunos.

E por fim: promover conscientização e compreensão sobre a importância do treinamento em cuidados com estoma é essencial quando uma criança com estoma inicia sua jornada escolar.

Referências:

Discover Series 2 – Session 3: Exploring common indications for infant stoma formation & Stoma Care in schools

Nota da diretoria: Falta generalizada de bolsas nos postos de saúde de Curitiba

Em reunião no dia 28 de junho com a diretoria da APO, membros da SMS garantiram que falta de bolsas será resolvida

Desde meados do ano passado, a diretoria da Associação Paranaense dos Ostomizados (APO) tem recebido queixas sobre falta de equipamentos de ostomia nas unidades de saúde de Curitiba. A ausência desses produtos representa prejuízos sem tamanho para a população ostomizada e fere a Portaria 400, que prevê a distribuição gratuita de equipamentos de ostomia pelo SUS.

Membros da diretoria da APO, que igualmente têm enfrentado problemas para receber suas bolsas, não tem medido esforços para cobrar de representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) uma rápida resolução para o problema. Em março, a Secretaria reconheceu o problema e informou que foi havia sido feita uma compra emergencial de equipamentos. Entretanto, meses se passaram e a situação persiste.

Chegamos numa situação em que mais de 80% dos atendimentos na sede da APO têm como objetivo a retirada de bolsas, porque os pacientes não conseguiram com a rede pública. Além disso, temos recebido relatos de pessoas que foram orientadas nos postos de saúde a irem à associação retirar os equipamentos, o que é inadmissível. É importante enfatizar que a associação não tem condições de fornecer a quantidade adequada aos pacientes, que necessitam com urgência dos produtos.

Vale destacar que a ausência de bolsas não é algo pontual em apenas algumas unidades de saúde; é um problema generalizado. Temos orientado aos pacientes para contatar diretamente a Secretaria de Saúde pedindo a resolução imediata.

No dia 28 de junho, a diretoria da APO se reuniu novamente com membros da SMS, que garantiram que os problemas seriam sanados com brevidade. Ficou acordado também que representantes da Secretaria estarão presentes na reunião mensal de julho, que ocorrerá no dia 27 (quinta-feira) às 14h na sede da associação, para prestar esclarecimentos aos pacientes ostomizados. 

Com eventual persistência do atual cenário, a diretoria estuda ingressar com ação judicial cobrando o cumprimento das determinações da Portaria 400 na cidade de Curitiba.

Katia Oliveira – Presidente APO