Como saber se meu equipamento coletor está adequado à minha necessidade?

A escolha pelo tipo de equipamento coletor é algo que envolve um profissional de saúde especializado, ou ao menos treinado, para avaliar todos os pontos importantes nesta decisão junto à pessoa com estomia. Devem ser considerados aspectos individuais, como o grau de dependência ou dificuldade de realizar o autocuidado, aspectos da estomia, como altura (quanto de alça intestinal está exposto), localização do ângulo de drenagem (por onde saí o conteúdo), localização da estomia, forma abdominal, etc. Também devem ser considerados os aspectos emocionais e os hábitos pessoais.

Há, por exemplo, aqueles que preferem trocar a bolsa todos os dias, enquanto outros preferem manipular a estomia o mínimo possível. Enfim, são diversos fatores que irão influenciar a escolha do equipamento coletor, já que estes apresentam estruturas e composições diferentes. Devemos priorizar as características que garantam melhor ajustamento em cada situação. Assim, compreendemos melhor o porquê de uma variedade tão grande de produtos no mercado.

Temos marcas, modelos e materiais diferentes que compõem esses equipamentos a fim de alcançar as particularidades de cada indivíduo. O mais importante é conhecer a verdadeira função da “bolsa de ostomia” (ou equipamento coletor), que resume-se a proteger a pele ao redor da estomia e garantir boa vedação e adesão à pele, permitindo realizar as atividades diárias com segurança e conforto.

Gosto de comparar os equipamentos coletores com nossos sapatos. Fácil perceber quando um calçado não está adequado aos pés. Quando apertados, podem causar desconforto, calos  e até torções e lesões mais sérias. Assim também, quando estão largos, nos trazem insegurança; podemos perdê-los pelo caminho e da mesma forma ter problemas mais sérios.

Quando estamos com sapatos seguros e confortáveis, chegamos ao ponto de esquecer que estamos calçados e ficamos focados em nossas atividades do dia a dia. O mesmo deve acontecer com relação à estomia; o equipamento está ali, mas não é preciso lembrar da presença dele todo o tempo. Vamos focar nossa atenção nele quando a higienização for necessária.

Dessa forma, caso tenha insegurança ou desconforto, ou ainda não se sinta adaptado ao seu equipamento, busque a ajuda de um enfermeiro estomaterapeuta ou mesmo de um enfermeiro treinado com olhar para o cuidado específico. Só é possível caminhar e chegar ao nosso objetivo quando estamos calçados com sapatos adequados! Você, pessoa com estomia, pode e deve ter qualidade de vida! Viva bem! Viva com alegria!

Neta de paciente da APO, cirurgiã oncológica conta que experiência familiar contribuiu para a escolha da sua área de atuação

Dra. Fernanda Kinceski Pina, médica cirurgiā oncológica

Fernanda Kinceski Pina é médica cirurgiā oncológica e atua com cirurgia colorretal. A escolha de sua área de atuação tem relação com um problema de saúde vivido por sua avó, Maria de Nazaré, atualmente com 84 anos. Após ser diagnosticada com lúpus, em 2011, Maria teve uma perfuração intestinal e precisou fazer uma cirurgia de emergência. No procedimento foi preciso fazer uma ileostomia. Nazaré foi atendida pela APO entre 2011 e 2012.

Em entrevista exclusiva ao Jornal APO, Fernanda conta que passar pelo desafio de enfrentar junto com a avó o delicado quadro de saúde contribuiu para que ela escolhesse sua área de atuação e se tornasse uma médica mais atenta às necessidades das pessoas com ostomia.

Jornal APO: Saber dos desafios pelos quais passam os ostomizados a partir da experiência com sua avó contribuiu de que forma para sua atuação profissional?

Dra. Fernanda Pina: Quando minha avó foi ostomizada, ninguém da família nunca tinha ouvido falar sobre isso, não sabíamos como funcionava e nem sabíamos quem procurar para auxiliar. Até chegar na associação foi uma fase muito difícil porque não tivemos orientação da equipe que acompanhava ela sobre como lidar, como evitar vazamentos, como cuidar da alimentação.

Uma cuidadora indicou a APO, e a partir daí começamos a ter uma orientação melhor, a conhecer os produtos que podem ser usados para melhorar a vida do paciente, os cuidados que se deve ter com a alimentação, os dispositivos, tanta coisa que tem, mas que era um mundo totalmente fora do nosso.

Isso nos mostrou que mesmo ostomizado era possível manter uma vida praticamente normal, ir em eventos sociais, e que isso não seria um problema.      000Toda essa experiência do passado com certeza me tornou uma médica melhor, porque eu vivi na pele a experiência do que foi a dificuldade da minha avó pela falta de informação.

Jornal APO: De que forma a APO contribuiu para o bem-estar da sua avó?

Dra. Fernanda Pina: Ela ficou ostomizada por mais ou menos um ano e teve muita dificuldade de adaptação, porque ela era uma senhora muito vaidosa, muito independente. O pessoal da associação deu todo o suporte, e o pessoal da Coloplast ajudou bastante também.

Nossa família é muito grata por todo esse suporte que ela teve da associação. Ela é viva até hoje, já reverteu a bolsa e tem uma vida praticamente normal. Vim para Curitiba recentemente e decidi entrar em contato e me colocar à disposição da APO para ajudar de alguma forma.

Hoje em dia para todos os meus pacientes ostomizados eu passo o endereço da APO, porque é um apoio e sabemos como é difícil. Realmente faz diferença na vida da pessoa ter acesso à informação e aos recursos.

Jornal APO: É um problema dos nossos sistemas de saúde a falta de orientação no pós-operatório da ostomia?

Dra. Fernanda Pina: Sim. Acaba não se dando a atenção necessária para o estoma. A gente se preocupa com diversas outras coisas – a ferida operatória, o dreno, um monte de coisas –, e acaba deixando de lado o que mais vai ter impacto na vida do paciente, que é a bolsa.

Ele vai ficar alguns meses ou às vezes para sempre com a ostomia, então acho que sim, falta essa orientação na alta hospitalar para que o paciente possa ter uma vida mais normal. Existem hoje enfermeiros estomaterapeutas e tudo o mais, mas não é todo hospital que dispõe de uma equipe especializada em estomaterapia. Então muitas vezes cabe ao médico e ao enfermeiro passar essas informações, que frequentemente acabam não sendo passadas.

Jornal APO: Por que você escolheu a medicina oncológica e, mais especificamente, a atuação em cirurgia colorretal?

Dra. Fernanda Pina: Medicina, para mim, sempre foi uma coisa muito tranquila, sempre soube que era isso que eu queria. Me formei na UFPR e logo no começo tive contato com a rotina da oncologia num estágio do Erasto Gaertner e numa liga no Hospital Evangélico, que também era de oncologia. Minha ideia era aprender a instrumentar as cirurgias, e foi aí que comecei a ter contato com a parte de cirurgias.

A gente tinha uma escala e eu acabava escolhendo as cirurgias oncológicas, que me interessavam bastante. A partir daí comecei a ter cada vez mais interesse nessa área, e minha vida acadêmica passou a ser focada nisso.

Acabando a faculdade, fui para São Paulo fazer cirurgia geral no Hospital do Servidor Público Estadual, e de lá quis ir para Barretos, porque era um hospital que eu sabia que tinha bastante volume e era referência. Lá conheci a especialidade da cirurgia oncológica colorretal, que fez toda a ligação com o que tinha vivido no passado com minha avó e vi que essa era a área que eu mais gostava. Foi uma área que eu me apaixonei e decidi me dedicar. Depois que terminei a residência de cirurgia oncológica, fiquei um ano adicional só na área colorretal, e foi aí que selou meu interesse pela área.

Jornal APO: Quais as principais orientações para prevenir os diferentes tipos câncer?

Dra. Fernanda Pina: Pelos estudos a gente sabe que 40% de todos os tipos de câncer podem ser prevenidos com três tipos de coisas que são relativamente simples: uma alimentação saudável (sem excesso de gorduras, frituras, alimentos muito condimentados, embutidos, excesso de sal, alimentos industrializados, etc.); o bom controle do peso (o sobrepreso e a obesidade estão relacionados a uma série de fatores); e o ser ativo – o sedentarismo também é fator de risco para uma série de tipos de câncer.

A outra parte tem a ver com fatores ambientais, genéticos e hereditários, e aí vem o papel do médico de solicitar os exames preventivos. Além de adotar um estilo de vida saudável é essencial frequentar um médico de confiança para ele estar solicitando os exames necessários conforme os fatores de risco e a idade da pessoa.

Os benefícios da Aloe Vera em produtos para estomia

A planta Aloe Vera, também chamada de babosa (Foto: Pixabay)


Conviver com uma estomia traz muitos desafios para os pacientes em todas as etapas da sua jornada. O cuidado ideal com o estoma pode ajudar a prevenir vazamentos, irritação e dor na região periestomal, aumentando assim o conforto, a confiança e o bem-estar do paciente.

Cada paciente terá necessidades diferentes de cuidados com seu estoma, que podem incluir produtos diferenciados, técnicas de aplicação e até suporte psicológico.

Existem algumas complicações que os pacientes podem enfrentar após a cirurgia de ostomia, como retração, hérnia, prolapso e necrose. Porém as complicações da pele periestomal são as mais comuns, com faixa de incidência de 30% a 60% dos casos. São elas: escoriação, dermatite, maceração, descamação da pele, infecção e pioderma gangrenoso.

Um estudo desenvolvido por Mark Rippon, Angie Perrin, Richard Darwood e Karen Ousey, publicado pelo Jornal Britânico de Enfermagem 2017, chamado “Os Potenciais Benefícios do Uso da Aloe Vera em Paciente com Complicações na Área Periestomal” destacou que a criação de estomas e o uso de dispositivos para ostomia podem resultar em uma variedade de lesões na pele periestomal, ter um efeito prejudicial na qualidade de vida e também causar sequelas clínicas que serão prejudiciais à saúde do paciente, mas que podem ser amenizados pelo uso da Aloe Vera.

Utilizada há mais de 6 mil anos, a Aloe Vera possui benefícios medicinais para o tratamento de doenças da pele, cicatrizes de feridas, diabetes, asma, epilepsia, osteoartrite, queimaduras e psoríase. Ela contém vários componentes biológicos potencialmente ativos, como vitaminas, enzimas, minerais, açúcares, lignina, saponinas, ácidos salicílicos e aminoácidos.

Há evidências científicas de que a Aloe Vera é um umectante eficaz e que melhora as propriedades hidratantes e visco elásticas da pele. O estudo também mostrou que após o tratamento de feridas com curativo de Aloe Vera, o crescimento das bactérias diminuiu 100% em todos os casos. E quanto à inflamação que pode aparecer como consequência da infecção e da dermatite, a Aloe Vera demonstrou ter propriedades anti-inflamatórias, prevenindo também o prurido que é associado ao problema.

As evidências apresentadas neste estudo suportam a premissa de que Aloe Vera tem um impacto clínico benéfico na prevenção e no tratamento de complicações na pele periestoma, tornando-se uma intervenção inovadora que ajuda os pacientes a lidarem com suas condições de saúde.

A história dos equipamentos coletores

Por: Iara Ferreira Reinaldin e Kelly Camarozano Machado
Enfermeiras estomaterapeutas – Hollister do Brasil

Os relatos das primeiras cirurgias de estomas intestinais datam de 1795. Já as primeiras cirurgias de confecção de estomas urinários datam na década de 1950, com a técnica de Bricker. A maioria dos leigos, assim como muitos especialistas e cirurgiões, resistiam em imaginar a eliminação constante de efluentes (fezes e urina) por uma estomia, e muitas vezes pensavam, possivelmente por ignorância, que a morte era preferível a ter uma estomia.

Os primeiros equipamentos coletores foram inventados pelos próprios pacientes, pois estes recebiam alta sem orientações ou indicações de equipamentos. De acordo com relatos da literatura, até a década de 1950 muitas pessoas com estomia utilizavam apenas panos sobre o estoma para coletar as fezes. Isso fazia com que elas vivessem confinadas em suas casas, sem convívio com a sociedade.

A partir de meados do século XX, as indicações para confecção de estomas intestinais se expandiram. Historicamente, o desenvolvimento de melhores tecnologias para equipamentos intestinais esteve relacionado com o envolvimento direto de pessoas com estomia ou parentes próximos dessas pessoas. Os primeiros equipamentos eram produzidos em metal, vidro e porcelana, confeccionados com uma borda de borracha inflável para serem encaixados no abdômen. Na década de 1920, o médico Alfred Strauss teve a ideia de criar uma bolsa de borracha que pudesse ser mantida no abdômen por adesivos e cintos, mas elas não fixavam bem, causando vazamentos, alergias e irritações na pele.     

Na década de 1960, havia aproximadamente 25 fabricantes de equipamentos de estomia nos EUA. Nesse período foi introduzido a Karaya (resina natural produzida a partir da seiva de uma árvore indiana), uma grande descoberta no tratamento das pessoas com estomia. O cirurgião Rupert Turnbull decidiu testar em laboratório o pó de Karaya que poderia aderir à pele, além de mantê-la saudável. As primeiras bolsas fabricadas pela Hollister chamam-se bolsas de Karaya. 

Na década de 60, a bolsa de Karaya se tornou o padrão de uso como adesivo de pele e barreira protetora até a introdução de barreiras de hidrocolóides sintéticas.

Na década seguinte, as barreiras de pele passaram a ter melhor resistência e absorção de umidade, para que seu adesivo pudesse permanecer na pele e, ao mesmo tempo, permitir com que a pele estivesse sempre intacta. As bolsas passaram a ser confeccionadas com abertura inferior, filtro de carvão ativado acoplado, plástico mais silencioso e tecnologia anti-odor.

Hoje, os equipamentos da Hollister têm o objetivo de promover conforto, segurança, aderência, absorção, resistência à erosão, durabilidade e qualidade de vida, mantendo a pele periestomia saudável desde o primeiro dia da confecção da estomia.

A Hollister possui os produtos que você precisa para manter a pele periestomia saudável. Ligue para o 0800 778 1000 e solicite avaliação de um enfermeiro estomaterapeuta!