Experimente a resiliência!

A quarentena tem trazido mudanças na nossa forma de encarar a vida. Isso significa que precisamos reaprender a lidar com diversas situações que já estavam minimamente estabelecidas, como, por exemplo: rotina, trabalho, lazer, relacionamentos, finanças, autocontrole, solidão, dentre muitas outras questões que estão surgindo a cada dia.

Nesse cenário, há muitas pessoas que se deparam com a ociosidade. Mesmo tendo muito tempo livre, sentem-se improdutivas por não conseguirem colocar em prática tudo o que se propuseram a fazer para preencher esse espaço vazio. Independente de qual seja a sua situação, este é um momento de aprendizado. 

Um hábito importante que tem ajudado muita gente a lidar melhor com esse momento é a organização da rotina: ter horário para acordar, trabalhar, se alimentar, fazer exercícios físicos, dedicar ao lazer ou simplesmente para desacelerar e ter uma melhor noite de sono. Essa organização é essencial para o bem-estar emocional.

É preciso se organizar sem acrescentar à sua lista de tarefas atividades que possam exigir mais do que o necessário. O que estamos vivenciando não é uma competição de produtividade pessoal, mas um momento único e delicado. Ninguém estava preparado e todos precisam se adaptar respeitando seus próprios limites. 

Outro aspecto importante é a autopercepção. Saber identificar mais precisamente o que te faz bem e o que te desagrada traz maior consciência sobre si mesmo. Como consequência, isso irá te organizar e te alertar quanto ao que te deprime, causa ansiedade ou estresse. Busque listar e incluir no dia a dia atividades que, ainda que de forma sutil, tragam satisfação e bem-estar para sua mente. 

Você não é uma ilha. Nesse momento busque se relacionar, mesmo que de forma virtual ou por telefone. Saber que você tem um suporte pode trazer mais motivos para manter a mente sã. Lembre-se de que a manutenção dos relacionamentos pode ser diferente e procure novas formas de expressar amor e afeto.

Finalmente, vamos pensar simbolicamente sobre todo esse aprendizado. Suponha que, em relação às suas emoções, você tem sido esticado como um elástico. Parece que você já foi esticado até o seu limite, porém a vida às vezes te estica mais um pouco e, espantosamente, você suporta. Se continuarmos fazendo uma analogia do limite emocional com o elástico, podemos pensar que, depois que o elástico volta ao seu tamanho normal, ele suporta ser esticado com mais facilidade. Isso se chama resiliência.

Por meio de uma perspectiva única, desenvolver essa resiliência o tornará mais forte, flexível e, consequentemente, muito mais preparado para a realidade, seja ela tranquila, atribulada ou até mesmo, em tempos de crise, intensa.

Cuidados com a estomia em tempos de isolamento social

Enfermeiras voluntárias que atendem na APO estão orientando pacientes gratuitamente por telefone e vídeo durante a quarentena. Saiba mais clicando aqui

Cuidar do seu estoma envolve uma rotina bem ajustada que envolve tanto os momentos de autocuidado quanto o acompanhamento rotineiro dos serviços de assistência sempre que necessário. Seja o seu estoma uma novidade ou um “companheiro” de vários anos, é comum que complicações eventualmente surjam, e a enfermeira torna-se fundamental para analisar a solucionar a situação.

No entanto, considerando as restrições do atual momento, como podemos seguir confiantes no autocuidado sem temer complicações que possam surgir? Com a redução do funcionamento dos serviços de assistência, mais do que nunca chegou o momento de você ter mais consciência sobre o seu corpo e ter maior domínio sobre o cuidado próprio.

PREVENIR É O MELHOR CAMINHO

Na situação de isolamento, o que muda de fato em relação ao cuidado? A bolsa que você utiliza continua a mesma e os adjuvantes também; você não vai deixar de recebê-los (os serviços seguem dispensando produtos, ainda que com a escala de funcionários reduzida); o que muda, de fato, é a disponibilidade do suporte ambulatorial do serviço de assistência. Sendo assim, prevenir passa a ser o melhor remédio.

Para isso, seguem três dicas essenciais:

  1. Mantenha seu ritmo regular de troca de bolsas. O fato de estarmos a maior parte do tempo em casa e o medo de faltar produto nos serviços de assistência pode nos levar a querer prolongar a vida útil da bolsa. Isso, porém, coloca a pele em risco de dermatites associadas à incontinência, as conhecidas “assaduras”.
  • Observe a sua pele. Mais do que nunca, acompanhe a pele ao redor do estoma dia após dia. Observe se ela está coçando, se está mais avermelhada ao passar dos dias, se a aparência mudou de alguma forma e não deixe a situação escalonar. Antecipe-se a um problema maior. Comece a usar seus adjuvantes barreira protetora de pele imediatamente para que a pele retorne ao seu estado normal.
  • Busque ajuda. Caso a situação fuja do controle, use o telefone para buscar ajuda do seu serviço de assistência ou dos programas de suporte a pacientes das empresas de produtos para estomias. Muitos estão realizando atendimentos por vídeo, o que permitirá um suporte mais próximo à realidade do atendimento presencial.


CUIDE DA ALIMENTAÇÃO E DA MENTE

Um cenário de enfermidade, isolamento e incerteza é um “prato cheio” para sentimentos negativos, como estresse, depressão, ansiedade, insônia, entre outros. Lembre-se: este momento vai passar. É importante seguir as orientações de prevenção dos órgãos responsáveis e, igualmente importante, manter distância de notícias que nos fazem perder a esperança.

Crie o seu mundo de coisas boas: amanheça e agradeça por tudo que você tem ao redor, admire a beleza do dia e da natureza. Caso você viva sozinho, comece a ler um bom livro, assista a um filme leve, faça um curso pela Internet sobre algo que sempre desejou saber ou ligue para um amigo ou familiar. Por outro lado, se vive com sua família, aprecie as histórias de quem mora com você, converse mais com sua esposa ou marido e seja uma fonte de conforto e energia positiva para seus familiares.

Alimentar-se bem é outro fator importante, já que a alimentação adequada desempenha um papel essencial na imunidade. Cuide-se ainda mais evitando alimentos que possam fazer mal e mantenha uma alimentação regular e saudável.  

Por fim, aproveite esse momento para “dar um mergulho em você” e organizar sua vida em todos os aspectos. Deixe para trás tudo que não tem mais função e recomece como quem acabou de nascer: ávido por experiências, cheio de esperança e de vontade de viver!

Como você tem passado esse isolamento? Se precisar, entre em contato comigo pelo e-mail camila.marques@bbraun.com

Por que as doenças respiratórias virais são mais prejudiciais para os grupos de risco?

O trato respiratório – que, de forma simplificada, engloba os órgãos que compõem o sistema respiratório, como nariz, garganta, traqueia, pulmão, entre outros – é porta de entrada para diferentes patógenos, isto é, bactérias, fungos e vírus, agentes que podem causar várias doenças. Falando especificamente dos vírus, são conhecidos mais de 300 agentes patogênicos.

As principais patologias que acometem o trato respiratório superior (nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia) são causadas por infecções virais, sendo o rinovírus o principal responsável pelo resfriado em adultos. No entanto, as doenças podem também ser causadas por parainfluenza e vírus respiratório sincicial, e em menor grau pelo coronavírus, adenovírus, influenza e enterovírus. Outras inflamações, como a otite, faringite, amigdalite e laringite, por exemplo, também podem ser causadas por vírus.

Já para o trato respiratório inferior (traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões), as principais doenças são a gripe, a bronquite e a pneumonia. Dentre os vírus, os que mais comumente causam a pneumonia são: parainfluenza, coronavírus, vírus respiratórios sinciciais, influenza (o H1N1, por exemplo) e adenovírus. Portanto, temos uma quantidade considerável de patógenos que podem afetar o sistema respiratório.

Dadas essas informações, fica mais fácil entender as formas de transmissão e contágio e por que os grupos de risco precisam tomar mais cuidado com contaminações desse tipo.

Apesar dessa variedade de patógenos que podem causar sintomas semelhantes à gripe, com quadros respiratórios mais e menos graves, de forma geral, todos são transmitidos de pessoa a pessoa e de modo parecido. Para a maioria dos vírus, apenas as pessoas que apresentam sintomas têm a capacidade de transmissão. Isso ocorre pois a quantidade de partículas do vírus que a pessoa carrega está diretamente relacionado com os sintomas. Porém, isso é um pouco diferente para este novo coronavírus, que pode ser transmitido mesmo por pessoas que não apresentam nenhum sintoma.

Tosse e espirros são os modos de transmissão mais comuns. O contato com fômites, ou seja, superfícies que, quando tocadas, podem servir de veículo para a contaminação, também é frequente. É importante saber que alguns vírus, como o novo coronavírus, podem permanecer por até três dias nas superfícies, mantendo sua capacidade de contágio.


GRUPOS DE RISCO

O que chamamos de grupo de risco é dividido em três subgrupos: pacientes com baixa imunidade fisiológica (como gestantes, crianças e idosos), patológica (pacientes portadores de leucemias, HIV positivos ou doenças autoimunes, diabéticos e hipertensos) ou artificial (pacientes em tratamento oncológico ou transplantados).

Existem relativamente poucos medicamentos para combate direto dos vírus. Geralmente os medicamentos são para minimizar os sintomas. As doenças decorrentes desses vírus são mais graves nos grupos de risco justamente porque eles têm, por diferentes motivos, uma baixa na capacidade do sistema imunológico. E é aí que mora o perigo da contaminação por esses grupos. Com essa condição, o organismo não consegue combater os agentes virais que, com a sua replicação, podem atingir outros órgãos e tecidos, agravando a infecção, e podendo levar até mesmo a maiores complicações.

Por isso é preciso que pessoas que integram esses grupos tomem ainda mais cuidado com o contágio. Hábitos simples podem ajudar na prevenção para qualquer pessoa: evitar aglomerações (situação na qual o paciente pode entrar em contato com pessoas doentes); manter distância de um a dois metros de pessoas com sintomas – o que evita o contágio direto –; não levar as mãos à boca ou coçar os olhos com as mãos, já que pode ter havido contato com fômites. Quanto a esse último ponto, é muito importante lavar as mãos com frequência, principalmente ao chegar em casa – álcool em gel ou álcool 70% é recomendado como segunda opção, apenas quando a lavagem das mãos não for possível. Limpar a superfície de móveis e bancadas com álcool 70% ou água sanitária também é bastante recomendado.

Um outro hábito que pode auxiliar, e que principalmente no inverno não é muito comum, é manter o ambiente arejado. O paciente não pode passar frio, pois aumenta a produção de muco, que pode ser um veículo de transmissão. Mas, em um ambiente fechado, onde há pouca circulação de ar, aumenta-se o risco de contágio de uma pessoa para outra, e por isso é importante manter o ar em circulação.

Vale lembrar que, para o influenza, existe a vacina, que deve ser tomada anualmente por quem integra os grupos de risco. A vacina evita a replicação viral e, portanto, também reduz o risco de transmissão. É importante perceber que a vacinação não evita que a pessoa entre em contato com o vírus, por isso os cuidados anteriores devem ser mantidos. Ela somente diminui o risco de desenvolvimento de sintomas (a pessoa pode ter o vírus e não sentir nada) e, caso surjam, esses sintomas são mais brandos.

E para evitar contaminar outras pessoas, é importante também criar o hábito de, quando estiver com sintomas, usar máscaras.

As doenças respiratórias virais são, portanto, diversas, de fácil transmissão e mais prejudiciais para os grupos de risco. Se você faz parte desses grupos, lembre-se de redobrar a atenção aos cuidados preventivos!

Problemas na distribuição de bolsas de ostomia em Curitiba

Luiza Helena e Marcia Huçulak (ao centro) junto com os assessores da secretária, Juliano Gevaerd e Juliana Hencke. em reunião no início de março



Por: Luiza Helena Ferreira Silveira (Presidente APO)

Desde novembro do ano passado temos recebido, por parte de pacientes que dependem do fornecimento de equipamentos de ostomia por parte do Sistema Único de Saúde, a queixa de que não estão conseguindo retirar adequadamente suas bolsas e demais materiais nas unidades de saúde de Curitiba. Esse episódio não é novo para nós: periodicamente a APO se mobiliza a fim de pressionar o poder público para resolver impasses no fornecimento de bolsas. Entretanto, desde 2017 a situação estava sob controle, e somente nos últimos meses a falta de bolsas e demais materiais de uso diário voltou a ser um problema para os ostomizados da capital paranaense.

Vale lembrar que é direito de todo paciente ostomizado receber bolsas em qualidade adequada e em quantidade suficiente de acordo com sua necessidade individual, conforme garantido na Portaria 400, de 16 de novembro de 2009.

Após essas reclamações, entramos em contato com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba e agendamos uma reunião com a secretária da pasta, Marcia Cecilia Huçulak, que aconteceu no início de março.

O que me foi dito pela secretária: a Secretaria de Saúde está em um processo de descentralização do serviço de Órteses e Próteses a fim de que os cerca de 920 ostomizados que recebem bolsas de ostomia do município não precisem mais ir à regional matriz (Praça Ouvidor Pardinho), podendo retirar seus equipamentos na unidade básica de saúde mais próxima do seu endereço. Além disso, está sendo feito um recadastramento de todos os pacientes nas unidades de saúde visando a compra consciente de material de ostomia sem desperdícios.

A secretária também nos disse que essas mudanças no processo, além de problemas pontuais de logística, podem ter gerado os contratempos na distribuição de bolsas, mas que até o final de maio todos os pacientes vão estar cadastrados em suas unidades básicas de saúde de referência e não deve mais haver problemas. Resta-nos aguardar o prazo dado e monitorar essa regularização no fornecimento de bolsas.

Gostaria de reforçar aqui que a missão central da APO é dar todo o apoio ao ostomizado de diversas maneiras, e faz parte do nosso compromisso lutar para que nenhum ostomizado fique sem seu material de cuidado diário. Porém, em casos assim, é extremamente importante que o paciente também faça sua parte entrando em contato com a central de atendimento da Prefeitura de Curitiba (pelo 156) e pela Ouvidoria do SUS Curitiba (0800-644-0041) para registrar sua reclamação.

Estaremos acompanhando atentamente o desdobramento dos fatos para que a regularização integral do fornecimento de bolsas aconteça o mais breve possível.