Os benefícios da Aloe Vera em produtos para estomia

A planta Aloe Vera, também chamada de babosa (Foto: Pixabay)


Conviver com uma estomia traz muitos desafios para os pacientes em todas as etapas da sua jornada. O cuidado ideal com o estoma pode ajudar a prevenir vazamentos, irritação e dor na região periestomal, aumentando assim o conforto, a confiança e o bem-estar do paciente.

Cada paciente terá necessidades diferentes de cuidados com seu estoma, que podem incluir produtos diferenciados, técnicas de aplicação e até suporte psicológico.

Existem algumas complicações que os pacientes podem enfrentar após a cirurgia de ostomia, como retração, hérnia, prolapso e necrose. Porém as complicações da pele periestomal são as mais comuns, com faixa de incidência de 30% a 60% dos casos. São elas: escoriação, dermatite, maceração, descamação da pele, infecção e pioderma gangrenoso.

Um estudo desenvolvido por Mark Rippon, Angie Perrin, Richard Darwood e Karen Ousey, publicado pelo Jornal Britânico de Enfermagem 2017, chamado “Os Potenciais Benefícios do Uso da Aloe Vera em Paciente com Complicações na Área Periestomal” destacou que a criação de estomas e o uso de dispositivos para ostomia podem resultar em uma variedade de lesões na pele periestomal, ter um efeito prejudicial na qualidade de vida e também causar sequelas clínicas que serão prejudiciais à saúde do paciente, mas que podem ser amenizados pelo uso da Aloe Vera.

Utilizada há mais de 6 mil anos, a Aloe Vera possui benefícios medicinais para o tratamento de doenças da pele, cicatrizes de feridas, diabetes, asma, epilepsia, osteoartrite, queimaduras e psoríase. Ela contém vários componentes biológicos potencialmente ativos, como vitaminas, enzimas, minerais, açúcares, lignina, saponinas, ácidos salicílicos e aminoácidos.

Há evidências científicas de que a Aloe Vera é um umectante eficaz e que melhora as propriedades hidratantes e visco elásticas da pele. O estudo também mostrou que após o tratamento de feridas com curativo de Aloe Vera, o crescimento das bactérias diminuiu 100% em todos os casos. E quanto à inflamação que pode aparecer como consequência da infecção e da dermatite, a Aloe Vera demonstrou ter propriedades anti-inflamatórias, prevenindo também o prurido que é associado ao problema.

As evidências apresentadas neste estudo suportam a premissa de que Aloe Vera tem um impacto clínico benéfico na prevenção e no tratamento de complicações na pele periestoma, tornando-se uma intervenção inovadora que ajuda os pacientes a lidarem com suas condições de saúde.

A história dos equipamentos coletores

Por: Iara Ferreira Reinaldin e Kelly Camarozano Machado
Enfermeiras estomaterapeutas – Hollister do Brasil

Os relatos das primeiras cirurgias de estomas intestinais datam de 1795. Já as primeiras cirurgias de confecção de estomas urinários datam na década de 1950, com a técnica de Bricker. A maioria dos leigos, assim como muitos especialistas e cirurgiões, resistiam em imaginar a eliminação constante de efluentes (fezes e urina) por uma estomia, e muitas vezes pensavam, possivelmente por ignorância, que a morte era preferível a ter uma estomia.

Os primeiros equipamentos coletores foram inventados pelos próprios pacientes, pois estes recebiam alta sem orientações ou indicações de equipamentos. De acordo com relatos da literatura, até a década de 1950 muitas pessoas com estomia utilizavam apenas panos sobre o estoma para coletar as fezes. Isso fazia com que elas vivessem confinadas em suas casas, sem convívio com a sociedade.

A partir de meados do século XX, as indicações para confecção de estomas intestinais se expandiram. Historicamente, o desenvolvimento de melhores tecnologias para equipamentos intestinais esteve relacionado com o envolvimento direto de pessoas com estomia ou parentes próximos dessas pessoas. Os primeiros equipamentos eram produzidos em metal, vidro e porcelana, confeccionados com uma borda de borracha inflável para serem encaixados no abdômen. Na década de 1920, o médico Alfred Strauss teve a ideia de criar uma bolsa de borracha que pudesse ser mantida no abdômen por adesivos e cintos, mas elas não fixavam bem, causando vazamentos, alergias e irritações na pele.     

Na década de 1960, havia aproximadamente 25 fabricantes de equipamentos de estomia nos EUA. Nesse período foi introduzido a Karaya (resina natural produzida a partir da seiva de uma árvore indiana), uma grande descoberta no tratamento das pessoas com estomia. O cirurgião Rupert Turnbull decidiu testar em laboratório o pó de Karaya que poderia aderir à pele, além de mantê-la saudável. As primeiras bolsas fabricadas pela Hollister chamam-se bolsas de Karaya. 

Na década de 60, a bolsa de Karaya se tornou o padrão de uso como adesivo de pele e barreira protetora até a introdução de barreiras de hidrocolóides sintéticas.

Na década seguinte, as barreiras de pele passaram a ter melhor resistência e absorção de umidade, para que seu adesivo pudesse permanecer na pele e, ao mesmo tempo, permitir com que a pele estivesse sempre intacta. As bolsas passaram a ser confeccionadas com abertura inferior, filtro de carvão ativado acoplado, plástico mais silencioso e tecnologia anti-odor.

Hoje, os equipamentos da Hollister têm o objetivo de promover conforto, segurança, aderência, absorção, resistência à erosão, durabilidade e qualidade de vida, mantendo a pele periestomia saudável desde o primeiro dia da confecção da estomia.

A Hollister possui os produtos que você precisa para manter a pele periestomia saudável. Ligue para o 0800 778 1000 e solicite avaliação de um enfermeiro estomaterapeuta!

A virtualização do atendimento na pandemia e o novo paciente pós-2020

Com o surgimento da pandemia da COVID-19 em 2020 e sua continuação em 2021, nossas rotinas foram severamente alteradas. Cuidar do seu estoma requer hábitos diários bem definidos para que os momentos de autocuidado e acompanhamento não deixem de ser uma prioridade.

A pandemia nos obrigou a fazer distanciamento social, o que implicou em maior tempo dentro de casa, impedindo contato com o mundo externo e potenciais lugares de risco. E com isso, a virtualização das atividades veio para ficar. Cada vez mais torna-se necessário o atendimento através da telemedicina e o uso da internet para resolução de problemas. Sendo assim, acompanhamentos virtuais de qualidade se tornaram uma prioridade para o novo paciente que surgiu a partir de 2020.

O novo normal requer também maior atenção e adaptação na sua rotina de cuidados diários, e a prevenção é a sua maior aliada. Tenha como praxe a visualização do seu estoma e pele periestomal, faça essa inspeção minuciosa com bastante atenção em um lugar tranquilo e com boa luminosidade. Caso perceba alterações, não hesite em buscar ajuda ou informações através do seu médico ou estomoterapeuta.

Este novo normal também exige grande empoderamento por parte do paciente para tomar as rédeas da situação e do seu cuidado. Com o retorno de algumas atividades presenciais, seguem dicas que podem ajudá-lo:

1. Programe suas refeições: Programe o horário das suas refeições escolhendo um momento que traga tranquilidade. Manter uma boa alimentação é imprescindível para a sua saúde e, consequentemente, a saúde do seu estoma.

2. Mente sã, corpo são: O cenário atual de isolamento social traz consigo muitas incertezas e sentimentos difíceis de lidar, como stress, ansiedade, medo, entre outros. Estes podem nos abalar fazendo com que a rotina de cuidados fique laboriosa, nos deixando exaustos ao final do dia. Tenha em mente que este momento irá passar, mas caso não consiga lidar sozinho, converse com um profissional que poderá ajudá-lo.

3. Consulte o estomoterapeuta: Mesmo durante a pandemia é importante que você permaneça em contato com um estomoterapeuta. Busque através do seu telefone, serviços de assistência ou programas de suporte ao paciente de empresas que ofertam produtos para estomias. Estes profissionais poderão ajudá-lo de forma remota, por teleatendimento, sem que haja a perda da excelência de uma consulta presencial.

Por fim, não se esqueça que estamos ao seu lado. Organize suas prioridades e recomece quantas vezes for necessário. O momento requer adaptação, mas a esperança por dias melhores e a vontade de viver serão sempre seus parceiros de caminhada. Cuide-se e fique em casa!

Como tem passado por este momento? Me mande uma mensagem: cibelle.pedreira@bbraun.com

Dúvidas frequentes sobre alimentação para pessoas com ostomia

Woman chef cooking vegetables in pan

Confira abaixo respostas às dúvidas mais recorrentes feitas por pacientes ostomizados à nutricionista Caroline Carvalho dos Santos em seus atendimentos na sede da APO. Caso tenha dúvidas, procure a nutricionista, que atende todas as quintas-feiras (entre 14h e 17h) na sede da associação. O atendimento é gratuito.

Como deve ser a alimentação após a cirurgia?

Após a fase de recuperação da cirurgia, o paciente pode voltar a ter uma alimentação normal o mais saudável possível. Deve-se introduzir alimentos ricos em fibras de forma lenta e gradual e observar os efeitos que os alimentos têm sob seu corpo, percebendo excesso de gases, odores e irritações para adequar a quantidade e o tipo de alimentos.

Qual é a quantidade de líquidos que devo ingerir?

A água deve ser o líquido mais ingerido (cerca de 8 a 10 copos por dia), o que gera em torno de dois litros diários. Além da água, é possível consumir sucos naturais, chás, caldos, água de coco.

Como fica a absorção de nutrientes após a cirurgia de ostomia?

Na ileostomia, a abertura é realizada no final do intestino delgado, que é a parte do corpo responsável por terminar a digestão e absorver a maior parte dos nutrientes. Já o intestino grosso (colostomia) é responsável pela reabsorção de água e minerais, por isso as fezes, nesse caso, são mais consistentes. Independentemente da localização do estoma, os alimentos devem ser muito bem mastigados, pois quanto menores forem os pedaços, melhor será a digestão e a absorção (caso não haja nenhuma doença absortiva). Regularmente deve ser feito acompanhamento médico e nutricional para exames complementares a fim de verificar se há deficiência de vitaminas e minerais e realizar os ajustes necessários.

Quais são os alimentos que mais causam gases?

Alguns alimentos tendem a causar gases devido a sua composição, porém esse sintoma varia de pessoa para pessoa. Alguns exemplos: ovos, alho, cebola, repolho, leguminosas (feijão, lentilha, ervilha e soja), frutos do mar, couve-flor, carnes, pepino, brócolis, melão, rabanete, abacate, uva, laranja, embutidos e outros. Lembre-se de que não há a necessidade de excluí-los completamente da alimentação. Consuma-os e observe os efeitos. Se for o caso, utilize apenas um deles por dia para que se sinta melhor.

Posso consumir alimentos crus?

Sim, desde que sejam muito bem higienizados. A lavagem de vegetais que vão ser consumidos crus deve ser feita em água corrente deixando, em seguida, os alimentos de molho (Um litro de água para uma colher de sopa de água sanitária que possa ser usada em alimentos). Deixe por 15 minutos nessa solução e lave novamente em água corrente. Pacientes com diarreia devem priorizar os cozidos aos crus durante o período para não agravar o quadro.

Percebo um forte odor depois que fui ostomizado e por isso retirei alguns alimentos. Fiz certo?

Alguns alimentos, como ovo, carne, cebola e alho, podem deixar as fezes com odor mais forte, porém muitos deles são essenciais para nosso corpo. Caso a situação incomode muito, consuma apenas um por dia ou quando estiver em casa. Caso não veja problema, consuma normalmente. Alimentos como iogurte, coalhada caseira, hortelã, erva-doce, salsinha e salsão, além de chás, maçã, pêssego, pera, cenoura, chuchu e espinafre ajudam a reduzir o odor.

Como deve ser a consistência das fezes na ileostomia e na colostomia?

Na ileostomia, as fezes têm características mais líquidas e mais ácidas. Já na colostomia ascendente são semilíquidas; na colostomia transversa são semissólidas/pastosas; e na descendente e sigmoide são mais sólidas e formadas, menos ácidas e com maior presença de gases.

Posso consumir temperos prontos (em pó)?

Temperos e caldos em pó prontos são condimentos ultraprocessados, ou seja, têm poucos nutrientes e grandes quantidades de realçadores de sabor e aditivos químicos. Dessa forma, é indicado que seu uso seja evitado e substituído por temperos naturais secos ou frescos, pois são ricos em aroma e sabor, além de conferirem propriedades benéficas ao corpo, o que não é o caso dos temperos prontos.

Leite faz mal para quem é ostomizado?

O leite é um alimento completo, rico em proteínas, carboidratos, gorduras, vitamina D, cálcio e água. Porém, existem pessoas que não produzem (ou produzem pouco) a enzima lactase, que digere o carboidrato do leite (lactose), fazendo com que haja gases e diarreia. Após o consumo de leite e derivados, sintomas como gases, diarreia e estufamento devem ser observados e posteriormente confirmados através de exames. Se a intolerância for confirmada, o leite e seus derivados podem continuar sendo consumidos pelos ostomizados, mas estes devem utilizar a enzina lactase ou alimentos sem lactose para que haja melhor qualidade de vida.

Posso consumir carne de porco?

Cabe ao profissional de Nutrição a indicação do consumo de carne de porco após uma cirurgia devido a crenças de que essa proteína possa desencadear em algumas pessoas processos alérgicos, inflamatórios ou até piorar a cicatrização. Entretanto faltam estudos que comprovem esses malefícios. Se o ostomizado sempre consumiu essa proteína e nunca teve problemas, pode continuar após a cirurgia, desde que escolha cortes mais magros (como lombo, mignon suíno, bisteca ou pernil, por exemplo) sem a gordura aparente e priorize o preparo cozido, assado ou grelhado e sempre bem passado. Já os embutidos suínos – como salame, salsicha, presunto, linguiça, bacon e mortadela – devem ser evitados por apresentarem grandes quantidades de sal, aditivos, conservantes e gordura.

Posso utilizar pimenta?

Temperos picantes, como gengibre, páprica picante, mostarda, lemon pepper e pimentas em geral podem irritar o estoma em algumas pessoas. Porém, caso o ostomizado esteja habituado e sinta-se bem após o consumo, pode continuar com o uso, mas deve observar possíveis irritações no estoma. Caso haja, é aconselhável suspender o uso até que se recupere ou utilizar pequenas quantidades.

Posso tomar chá?

Depende do chá. Cada tipo de erva/planta tem uma propriedade diferente. Por exemplo, chá de camomila serve para acalmar; de hortelã melhora a digestão; a erva-doce ajuda a reduzir gases intestinais, e assim por diante. Esses são chás com propriedades benéficas, sem efeitos colaterais e que podem ser consumidos por praticamente todas as pessoas. Já outros, como o chá de sene, não são aconselháveis, pois podem causar grande desconforto e cólicas intestinais.

Posso comer pipoca/sementes?

Esses alimentos também não são consenso de indicação dos profissionais, ainda mais para pacientes com algumas doenças intestinais, como Diverticulose, Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn. No caso dos ostomizados, o maior problema do consumo de sementes é o risco de obstrução do estoma, principalmente na ileostomia, em que a abertura é menor. Mas se esses alimentos forem bem mastigados e se ingerida a quantidade de água recomendada, há menor possibilidade de problemas.

Quantos ovos posso comer por dia?

Ainda não há uma recomendação exata de quantos ovos podem ser consumidos por dia, pois depende das necessidades de cada pessoa, além da idade e da atividade física realizada. Ovos contêm proteína, vitaminas, minerais e gordura. Para uma alimentação saudável e equilibrada, é preciso consumir a quantidade de nutrientes adequada ao corpo, sem falta ou excesso.

No caso da proteína, devemos consumir em média duas porções de alimentos-fonte por dia, como ovos, peixe, frango e carne. Já em relação ao colesterol que está presente na gema do ovo, duas unidades já chegaria aos 300mg que é ingestão diária recomendada para pessoas saudáveis. A forma de preparo também é importante – prefira cozido, no molho, mexido, omelete ou pochê e evite fritar em muita gordura.

Ou seja, em média dois ovos por dia, levando em consideração outras fontes de proteína, o preparo e o consumo de outros produtos com gordura animal (manteiga, banha, creme de leite) para uma pessoa saudável está adequado.