Ostomia e viagem

Muitas vezes, uma pessoa após ficar ostomizada fica com medo de se divertir, e acaba deixando de aproveitar a vida. Porém, após a liberação médica, uma pessoa ostomizada pode e deve passear e viajar sempre que desejar e/ou precisar, utilizando todos os meios de transportes ha­bituais (carro, ônibus, avião).

Todos os tipos de viagem são possíveis para uma pessoa osto­mizada, incluindo cruzeiros e via­gens aéreas ao redor do mundo.

Durante a viagem, o ostomiza­do, como qualquer outra pessoa, deve usar o cinto de segurança, ajustando a sua posição, confor­tavelmente, e tomando cuidado, para que ele não comprima o es­toma.

Sempre que for viajar, ou se ausentar por um período, o os­tomizado deve levar quantidade suficiente de material, para durar toda a viagem, e mais alguns ex­tras, ou seja, uma quantidade su­perior ao que se gastaria em casa. Quantidade extra deve ser leva­da, mesmo que não precise trocar a bolsa, pois podem acontecer imprevistos como aumento nos movimentos intestinais, e além disso, pode ocorrer a dificuldade para encontrar esses acessórios durante a viagem por todo o Bra­sil e em outros países, onde tam­bém podem ser mais caros.

Na viagem, é importante levar material para uma troca na baga­gem de mão, mantendo-o sempre acessível, pois pode acontecer al­gum imprevisto e ser necessário trocar a bolsa.

Ao viajar de carro, os equipa­mentos devem ficar na parte mais fresca, evitando a exposição do material a temperaturas elevadas, como por exemplo, no porta-ma­las, pois pode alterar a qualidade da placa.

Nas viagens de avião, o material para o cuidado da ostomia deve ser levado na bagagem de mão, junto com a pessoa, pois podem ocorrer extravios de bagagem. E para evitar problemas ao passar pela alfândega ou pela inspeção de bagagem, é importante ter uma declaração do médico afir­mando que precisa levar consigo equipamentos de ostomia e me­dicamentos. Outros problemas podem ser evitados se tiver essa informação traduzida para o idio­ma do país que irá visitar.

É importante, antes de viajar, fazer uma refeição leve, não exa­gerar e não experimentar alimen­tos novos, para não ter problemas intestinais. E durante a viagem, também é interessante seguir es­sas recomendações.

Em países estrangeiros, a diar­reia é muito comum em turistas, que pode ser provocada por sim­ples mudança na água, comida ou clima. Portanto, é importante certificar-se de que é seguro be­ber água. Se a água não for segura também não se deve usar gelo. O consumo de água engarrafada ou fervida é aconselhável, bem como usar sempre água segura para as irrigações. Também é bom evitar frutas descascadas e vegetais crus.

Pessoas ostomizadas perdem água e minerais rapidamente quando têm diarreia. Por essa razão, pode precisar de medica­ção para repor a perda de fluído e eletrólitos. O seu médico pode lhe dar uma receita de medica­ção para controlar a diarreia, que deve ser comprada no local onde mora, ou seja, antes da viagem, pois a receita pode não ser válida em outros lugares.

Antes de viajar para outro país, procure obter uma lista de médi­cos que falem o seu idioma e os custos das consultas.

Ostomia e alimentação

Christiane e Cláudia (Blog Ostomia sem Fronteiras)

Quando ficamos ostomizados, uma das nossas primeiras dúvidas é: como deve ser a alimentação? O que podemos comer?

Então, para ajudá-los darei algumas dicas como nutricionista e ostomizada.
No início, os alimentos devem ser introduzidos gradativamente, sendo dos semi-líquidos aos mais sólidos.
Passada a fase inicial, devemos nos encorajar a seguir uma alimentação normal e saudável, evitando ou omitindo apenas os alimentos em particular que causam problemas, como por exemplo, a diarréia, a constipação e os gases.
Sendo assim, a nossa alimentação deve ser equilibrada, de consistência geral e fracionada em seis refeições ao dia, respeitando sempre o horário para contribuir com a regularidade do funcionamento do intestino. É muito importante nos alimentarmos de 3 em 3 horas, sempre mastigando bem os alimentos para facilitar a digestão e evitar a obstrução da colostomia ou ileostomia.     Lembrar sempre que, quando formos experimentar algum alimento diferente, devemos pegar apenas um pouco, pois não saberemos como nosso organismo irá reagir, e também devemos experimentar um alimento novo de cada vez.
É essencial bebermos de 2,0 a 2,5 litros de água por dia, e ingerir sempre uma quantidade adequada de fibras para o bom funcionamento do intestino.

O que comer?

Sensibilidade a flor da pele

Dermatologista fala sobre problemas de pele freqüentes entre ostomizados

     As dermatites de contato, tanto irritativas quanto alérgicas, e as infecções cutâneas são problemas comuns entre ostomizados. Esta é a visão do dr. Mário Cézar Pires, do departamento de Alergia Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Também o diretor do serviço de dermatologia do hospital Padre Bento, de Guarulhos (credenciado pela SBD), chefe do Setor de Diagnóstico e Terapêutica do Serviço de Dermatologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, mestre e doutor pelo HSPE, dr. Mário tem, com os ostomizados, a experiência de atendê-los nas intercorrências dermatológicas de pacientes nos hospitais em que trabalha.
Entre pacientes ostomizados, a dermatite de contato alérgica aparece com frequência na rotina do dr. Mário. Segundo ele, este quadro se apresenta através de vesículas – pequenas bolhas -, secreção clara, eriterna, descamação e coceira no local de contato e posteriormente mesmo à distância. Um dos primeiros sintomas é a sensação de coceira.
O especialista explica que a dermatite alérgica se manifesta devido a uma sensibilidade individual a um determinado produto. Segundo ele, ainda não se sabe exatamente por que uma pessoa adquire uma alergia. As dermatites são freqüentes de um modo geral e, dentre elas, destaca-se a irritativa.
A irritação é uma reação não alérgica, provocada por substâncias que agridem a pele de qualquer individuo. Por exemplo, se uma pessoa mexer com um ácido terá uma irritação. Existem os irritantes fracos, como os detergentes. Para uma lavadeira, o contato prolongado trará problemas. É mais ou menos como acontece nos ostomizados: o contato prolongado com irritantes fracos provocará esse quadro. As infecções surgem por contaminação com bactérias da flora da pele ou de outras pessoas, decorrente da infecção hospitalar. O tratamento, segundo ele, tem sido padronizado. “O procedimento usado é feito pela colocação de substâncias causadoras, que devem ser excluídas. Se a reação for irritativa, usamos cremes de barreira. Em infecções, antibióticos tópicos”, ensina.
O teste de contato é feito pela colocação de substâncias que podem provocar alergia no dorso do indivíduo em contensores especiais por 48 horas. Depois é feita uma releitura e, após 96 horas da colocação, é feita a segunda leitura. Se no local houver qualquer sinal de inflamação, o teste é considerado positivo.
O especialista finalmente tem sugestões a fazer aos fabricantes visando o aperfeiçoamento de bolsas coletoras. “O ideal é utilizar materiais o mais hipoalergênico possível, estéril e permeável”, opina.