O trato respiratório – que, de forma simplificada, engloba os órgãos que compõem o sistema respiratório, como nariz, garganta, traqueia, pulmão, entre outros – é porta de entrada para diferentes patógenos, isto é, bactérias, fungos e vírus, agentes que podem causar várias doenças. Falando especificamente dos vírus, são conhecidos mais de 300 agentes patogênicos.
As principais patologias que acometem o trato respiratório superior (nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia) são causadas por infecções virais, sendo o rinovírus o principal responsável pelo resfriado em adultos. No entanto, as doenças podem também ser causadas por parainfluenza e vírus respiratório sincicial, e em menor grau pelo coronavírus, adenovírus, influenza e enterovírus. Outras inflamações, como a otite, faringite, amigdalite e laringite, por exemplo, também podem ser causadas por vírus.
Já para o trato respiratório inferior (traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões), as principais doenças são a gripe, a bronquite e a pneumonia. Dentre os vírus, os que mais comumente causam a pneumonia são: parainfluenza, coronavírus, vírus respiratórios sinciciais, influenza (o H1N1, por exemplo) e adenovírus. Portanto, temos uma quantidade considerável de patógenos que podem afetar o sistema respiratório.
Dadas essas informações, fica mais fácil entender as formas de transmissão e contágio e por que os grupos de risco precisam tomar mais cuidado com contaminações desse tipo.
Apesar dessa variedade de patógenos que podem causar sintomas semelhantes à gripe, com quadros respiratórios mais e menos graves, de forma geral, todos são transmitidos de pessoa a pessoa e de modo parecido. Para a maioria dos vírus, apenas as pessoas que apresentam sintomas têm a capacidade de transmissão. Isso ocorre pois a quantidade de partículas do vírus que a pessoa carrega está diretamente relacionado com os sintomas. Porém, isso é um pouco diferente para este novo coronavírus, que pode ser transmitido mesmo por pessoas que não apresentam nenhum sintoma.
Tosse e espirros são os modos de transmissão mais comuns. O contato com fômites, ou seja, superfícies que, quando tocadas, podem servir de veículo para a contaminação, também é frequente. É importante saber que alguns vírus, como o novo coronavírus, podem permanecer por até três dias nas superfícies, mantendo sua capacidade de contágio.
GRUPOS DE RISCO
O que chamamos de grupo de risco é dividido em três subgrupos: pacientes com baixa imunidade fisiológica (como gestantes, crianças e idosos), patológica (pacientes portadores de leucemias, HIV positivos ou doenças autoimunes, diabéticos e hipertensos) ou artificial (pacientes em tratamento oncológico ou transplantados).
Existem relativamente poucos medicamentos para combate direto dos vírus. Geralmente os medicamentos são para minimizar os sintomas. As doenças decorrentes desses vírus são mais graves nos grupos de risco justamente porque eles têm, por diferentes motivos, uma baixa na capacidade do sistema imunológico. E é aí que mora o perigo da contaminação por esses grupos. Com essa condição, o organismo não consegue combater os agentes virais que, com a sua replicação, podem atingir outros órgãos e tecidos, agravando a infecção, e podendo levar até mesmo a maiores complicações.
Por isso é preciso que pessoas que integram esses grupos tomem ainda mais cuidado com o contágio. Hábitos simples podem ajudar na prevenção para qualquer pessoa: evitar aglomerações (situação na qual o paciente pode entrar em contato com pessoas doentes); manter distância de um a dois metros de pessoas com sintomas – o que evita o contágio direto –; não levar as mãos à boca ou coçar os olhos com as mãos, já que pode ter havido contato com fômites. Quanto a esse último ponto, é muito importante lavar as mãos com frequência, principalmente ao chegar em casa – álcool em gel ou álcool 70% é recomendado como segunda opção, apenas quando a lavagem das mãos não for possível. Limpar a superfície de móveis e bancadas com álcool 70% ou água sanitária também é bastante recomendado.
Um outro hábito que pode auxiliar, e que principalmente no inverno não é muito comum, é manter o ambiente arejado. O paciente não pode passar frio, pois aumenta a produção de muco, que pode ser um veículo de transmissão. Mas, em um ambiente fechado, onde há pouca circulação de ar, aumenta-se o risco de contágio de uma pessoa para outra, e por isso é importante manter o ar em circulação.
Vale lembrar que, para o influenza, existe a vacina, que deve ser tomada anualmente por quem integra os grupos de risco. A vacina evita a replicação viral e, portanto, também reduz o risco de transmissão. É importante perceber que a vacinação não evita que a pessoa entre em contato com o vírus, por isso os cuidados anteriores devem ser mantidos. Ela somente diminui o risco de desenvolvimento de sintomas (a pessoa pode ter o vírus e não sentir nada) e, caso surjam, esses sintomas são mais brandos.
E para evitar contaminar outras pessoas, é importante também criar o hábito de, quando estiver com sintomas, usar máscaras.
As doenças respiratórias virais são, portanto, diversas, de fácil transmissão e mais prejudiciais para os grupos de risco. Se você faz parte desses grupos, lembre-se de redobrar a atenção aos cuidados preventivos!