APO participará de ação comemorativa de 30 anos da Abraso

No primeiro trimestre de 2015 a Associação Brasileira de Ostomizados (Abraso) lançou um projeto com o objetivo de resgatar, de forma artística, a história das associações brasileiras de ostomizados. No projeto, denominado Colcha de Retalhos, que integra o rol de ações comemorativas dos 30 anos de atividades da Abraso, as associações foram convidadas a fazer representações de suas histórias em um tecido. Membros e amigos da APO realizaram a colcha de retalhos, que será levada na reunião nacional da Abraso, programada para os dias 14 e 18 de novembro, na cidade de Natal (RN).

“Várias pessoas participaram da criação do material. E não foram somente ostomizados. Agradecemos a Luiz Claudio Zolet, que fez o desenho e a Zeima Manhães, que realizou a pintura”, observa a presidente da APO, Ione Mendes Sanches.

Cirurgia de reversão de colostomia e ileostomia: o que é e para quem é indicado?

Notando dúvidas comuns entre muitos ostomizados a respeito da reversão, ou seja, a reconstrução do trânsito intestinal em pacientes colostomizados e ileostomizados, a APO entrevistou o oncologista doutor Massakazu Kato, a enfermeira Salete Ferreira de Godoi Kato e a nutricionista Camila Brandão Polarowski para coletar informações úteis a respeito do conceito e viabilidade da reversão.

É denominado ostoma (ou estoma) toda comunicação artificial entre um órgão oco com o exterior. Conforme a localização, o ostoma recebe denominação própria. Dessa forma, a ileostomia é no íleo e colostomia é no colon (intestino grosso), assim como a duodenostomia é no duodeno, jejunostomia é no jejuno e assim por diante. Suas funções também são diferentes. A duodenostomia e a jejunostomia servem para alimentar e a ileostomia e colostomia, para eliminar conteúdo fecal.

A ileostomia e a colostomia em alças geralmente são temporárias e a reversão consiste apenas no seu fechamento através da enterorrafia (no íleo) e da colorrafia (no colon). Já a ileostomia e a colostomia terminal podem ser revertidas quando no procedimento cirúrgico foi deixado um segmento do reto e este procedimento se realiza através de uma anastomose (emenda) do íleo com o reto ou do colon com o reto.

Os casos em que a reversão é indicada também são variáveis. Como exemplo, um paciente que possuía um tumor, retirou a área doente em processo cirúrgico, fez o tratamento e ficou estável. Nesse caso são realizados uma série de exames que indicarão se é possível ou não fazer a reconstrução. “É um processo que varia de pessoa para pessoa. Há casos em que o médico jamais vai recomendar uma reconstrução”, afirma Salete.

O período mínimo para fazer a reversão após a cirurgia são 40 dias, mas esses casos são raros. Geralmente as cirurgias acontecem entre três e seis meses ou mais, dependendo da doença.

Como em qualquer cirurgia existem riscos. Especificamente no caso da reversão, há riscos como fazer fístulas (abertura da emenda e extravasamento de conteúdo fecal para fora ou para dentro da cavidade abdominal) ou obstruções (fechamento da área da emenda causando dificuldade parcial ou total da passagem do conteúdo fecal), havendo necessidade de refazer a cirurgia. As causas podem ser devido a má cicatrização, rejeição do corpo pela intervenção, infecção, entre outros. “Nos casos de ileostomia e colostomia em alça, se for feito um estímulo no segmento em repouso fazendo com que o paciente evacue pelo ânus antes do fechamento, as complicações pós-operatórias são menos frequentes”, afirma doutor Kato.

Após a cirurgia, o médico vai avaliar qual é o período de acompanhamento médico pós operatório. Na maioria dos casos, o paciente vai ser periodicamente acompanhado de forma permanente, tendo retornos mais próximos no primeiro mês e mais espaçado nos períodos seguintes.

Como citado, existem complicações pós-operatórias que podem ocorrer em decorrência da cirurgia de reversão. No entanto, existem casos bem sucedidos em que foi possível restaurar inteiramente a trânsito intestinal. Um desses casos é o da voluntária da Associação Paranaense dos Ostomizados, Sandra Cristina Martins. Sandra foi submetida a uma ileostomia em março de 2014. Antes de realizar a cirurgia, foi orientada pelo médico de que poderia ser feita a reversão em um prazo de oito a doze meses. No entanto, com sete meses após a ileostomia, Sandra foi chamada para fazer a reversão, o que ocorreu em outubro de 2014 após a realização dos exames pré-operatórios. “A cirurgia foi tranquila e sem complicações. Fiquei três dias no hospital e logo vim para casa. Mas o processo de adaptação foi um pouco complicado. Até se acostumar foi difícil. No começo pensei que seria melhor ter permanecido com a bolsa. Tive muitas queimações na pele, fissuras, dermatite. Mas depois do processo de adaptação me senti bem melhor”, afirma Sandra.

Sandra foi submetida a cirurgia de ileostomia em março de 2014 e sete meses mais tarde, no mesmo ano, fez a cirurgia de reversão

CONCLUSÃO
O paciente ostomizado precisa ter consciência de que é o médico (oncologista, coloproctologista, gastroenterologista) quem pode determinar se é possível ou não realizar a reconstrução do trânsito intestinal. Em alguns pacientes ostomizados, a reversão será possível e em outros impossível. A melhor maneira de saber se no seu caso será possível é tendo uma boa conversa com seu médico.

 

Alimentação no pré-operatório de reconstrução de trânsito (reversão)

 

A alimentação deve ser conforme o habitual, contendo todos os grupos de alimentos. A alimentação saudável deve incluir água, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, os quais são insubstituíveis e indispensáveis ao bom funcionamento do organismo.

Veja alguns passos para uma alimentação variada e equilibrada:

1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e janta) e dois lanches por dia. Não pule as refeições e controle a quantidade.
2. Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras. Coma-os cinco vezes por dia.
3. Coma feijão com arroz todos os dias, ou pelo menos cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas.
4. Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes do preparo, podendo ser cozido, grelhado ou assado.
5. Reduza o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar.
6. Reduza o consumo de álcool e refrigerantes.
7. Tome no mínimo 8 copos de água diariamente.
Caso haja necessidade marque uma consulta com uma nutricionista para detalhamento das orientações nutricionais.

Camila Brandão Polakowski
Nutricionista (CRN 8 6951)

Sancionada lei que isenta ostomizados da tarifa do transporte em Curitiba

Vereador Zé Maria, autor do projeto
de lei que isenta ostomizados de tarifa
de transporte coletivo em Curitiba

No dia 27 de abril foi sancionada pelo prefeito Gustavo Fruet a lei municipal 14649/15, que isenta o pagamento de tarifa de transporte coletivo aos usuários ostomizados e que estejam em condição de carência financeira no município de Curitiba.

Segundo informações da Câmera Municipal de Curitiba, para passar a valer, a lei ainda necessita de regulamentação, que definirá os critérios de concessão da isenção. São considerados beneficiários os ostomizados em condição de carência financeira ou que se enquadrem nas faixas de renda a serem estipuladas pelo regulamento.

O projeto é de autoria do vereador Zé Maria (SD), que tem histórico de grande colaboração com a Associação Paranaense dos Ostomizados e com os direitos das pessoas com deficiência. A Câmera Municipal de Curitiba aprovou o projeto, em primeiro e segundo turno e por unanimidade.

Para o vereador, a isenção tarifária é justa e já vigora em outras 17 capitais brasileiras. “Os ostomizados são legalmente definidos como pessoas com deficiência pelos critérios da Organização Mundial de Saúde e por decreto federal. A nossa legislação já garante esse direito para as pessoas com deficiência e com doenças graves, mas, à época, os ostomizados ainda não haviam sido inseridos neste grupo”, afirma.

A APO parabeniza o vereador Zé Maria pelo brilhante trabalho em prol das pessoas portadora de deficiência e aos demais vereadores e prefeito Gustavo Fruet, que colaboraram com a aprovação do projeto de lei.