Cuidando da pele ao redor do estoma: um passo essencial para o seu bem-estar

Quando se passa por uma cirurgia de estomia, muitas mudanças acontecem – no corpo, na rotina e nas emoções. Uma das maiores aliadas da qualidade de vida de quem vive com estomia é a pele: mais especificamente, a pele ao redor do estoma, chamada de pele periestoma.

Cuidar dessa região é essencial para garantir conforto, prevenir complicações e viver com mais liberdade e segurança. Mas, afinal, por que essa pele merece tanta atenção? E como fazer esse cuidado da melhor forma? Vamos conversar sobre isso de maneira simples e prática.

A pele ao redor do estoma é delicada e está constantemente exposta a fatores que podem agredi-la, como umidade do efluente (fezes ou urina); troca frequente de bolsa e uso de adesivos e produtos de limpeza.

Quando a pele está saudável, a bolsa de estomia adere melhor, reduz o risco de vazamentos e aumenta muito o conforto no dia a dia. Já uma pele irritada ou lesionada pode gerar desconforto, dor, mau funcionamento do equipamento e até infecções. Por isso, a prevenção sempre é o melhor, e pequenas atitudes fazem toda a diferença:

Higiene suave

• Lave a pele com água morna e, se necessário, um sabonete neutro e sem perfume.

• Evite esfregar. Seque delicadamente com uma toalha macia, dando leves batidinhas.

Atenção ao tamanho da abertura

• A abertura da placa adesiva deve se ajustar ao tamanho do estoma: nem apertada, nem muito larga.

• Um espaço de cerca de 3 mm entre o estoma e o dispositivo é o ideal para proteção e conforto.

Observação constante

• Sempre que for trocar a bolsa, observe a pele ao redor: deve estar lisa, sem vermelhidão, irritação ou feridas.

• Notou algo diferente? Busque orientação com um profissional especializado.

Produtos de proteção

• Em alguns casos, cremes barreira, pós ou sprays protetores são indicados para formar uma camada extra de proteção.

Foque na prevenção

• Não espere a irritação aparecer para cuidar da pele.

• Adote esses cuidados desde o começo: isso evita complicações e facilita muito sua adaptação à nova rotina.

   Com informação e apoio adequados, viver com estomia pode ser mais leve, mais seguro e mais tranquilo. Você não está sozinho nessa jornada!

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Por: Andressa Camargo | B. Braun

APO pede à secretária de Saúde urgência a demandas dos ostomizados

Diretoria da APO e integrantes da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (SMS)

No dia 10 de abril, representantes da diretoria da Associação Paranaense dos Ostomizados se reuniram com a secretária de saúde de Curitiba, Tatiane Filipak. A presidente da APO, Katia Oliveira, explicou os problemas enfrentados pelos pacientes ostomizados de Curitiba nas unidades básicas de saúde, em especial quanto à entrega de equipamentos de estomia incompatíveis com as necessidades dos pacientes.

“A secretária foi atenciosa e solícita com nossas demandas. Levamos todas as informações, relatos e comprovações das dificuldades que os pacientes estão enfrentando. Agora vamos aguardar e avaliar quais serão as medidas tomadas para corrigir os vários problemas que chegam até nós diariamente pelos ostomizados de Curitiba”, diz Katia.

Viver com uma estomia: como cuidar da mente na fase de adaptação ao estoma

A vida com um estoma é uma realidade para inúmeras pessoas em todo o mundo. Embora as estomias salvem vidas e possam melhorar significativamente a saúde física, também trazem desafios emocionais e psicológicos que exigem adaptação e resiliência.  

A adaptação psicológica à vida com um estoma é um processo complexo e individual. Para muitos, o diagnóstico que leva à cirurgia de estomia é um momento de grande impacto emocional. A ideia de viver com uma bolsa coletora pode gerar sentimentos de medo, ansiedade, vergonha e até mesmo luto pela perda da função corporal natural. Essas emoções são completamente normais e fazem parte do processo de aceitação. Por isso é essencial que os pacientes recebam suporte adequado, tanto da equipe de saúde quanto de familiares e amigos.

Um dos grandes desafios do estomizado é lidar com a mudança na autoimagem. O corpo passa por uma transformação significativa, e muitos pacientes podem se sentir inseguros ou desconfortáveis com sua aparência. A presença da bolsa coletora pode afetar a autoestima, especialmente em situações sociais ou íntimas. É comum que as pessoas se sintam preocupadas com vazamentos, odores ou barulhos, o que pode levar ao isolamento social. Nesse contexto, o apoio psicológico é fundamental para ajudar o paciente a reconstruir sua autoimagem e aceitar seu corpo de uma forma positiva. 

A informação é uma ferramenta fundamental nesse processo. Conhecer o funcionamento da estomia, aprender a cuidar da bolsa coletora e entender que é possível levar uma vida ativa e plena são passos importantes para a adaptação. 

Outro aspecto de grande importância é a comunicação aberta com familiares e parceiros.  Uma estomia pode afetar não só o paciente, mas também as pessoas do seu convívio. É importante que essas pessoas próximas estejam dispostas a ouvir, compreender e oferecer suporte emocional.

A adaptação psicológica também envolve a ressignificação da vida. Muitos pacientes descobrem que, apesar dos desafios, a presença da estomia não os impede de realizar seus sonhos e objetivos. Com os avanços tecnológicos, as bolsas coletoras são cada vez mais discretas e eficientes. Isso permite que as pessoas tenham uma vida social ativa. O segredo está em focar nas possibilidades, e não nas limitações.

A adaptação psicológica não tem um prazo determinado. Pode levar meses ou até anos para que o paciente se sinta completamente confortável com a nova realidade. Durante esse período, é essencial buscar ajuda profissional psicológica. 

Cada jornada é única. O que funciona para um pode não funcionar para outro, e não há uma “maneira certa” de viver com um estoma. O importante é respeitar o próprio ritmo e buscar apoio quando necessário.

A adaptação psicológica à vida com uma estomia é um processo de autoconhecimento e resiliência. Envolve aprender a conviver com as mudanças, encontrar novas formas de se relacionar com o corpo e redescobrir a alegria de viver. Com o suporte adequado é possível não apenas sobreviver, mas ir além dos limites, mostrando que a força humana é capaz de superar até os desafios mais difíceis.

Por: Melina Hirayama

Enfermeira Estomaterapeuta Assessora Técnico/ Comercial Life Santé 

Seu intestino pode influenciar sua saúde mental: a conexão entre microbiota e depressão

Por: Aline Fernanda dos Santos | Nutricionista e ex-vice-presidente APO

A depressão é um problema de saúde pública global, e, após a pandemia de Covid-19, os números dessa condição aumentaram significativamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 11 milhões de brasileiros são afetados pela doença.

A depressão é uma condição multifatorial, ou seja, pode ser causada por diferentes fatores. Nos últimos anos, um deles tem chamado a atenção dos pesquisadores: a relação entre o intestino e o cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro.

Um estudo intitulado Brain-gut-microbiota axis in depression: A historical overview and future directions (2022) trouxe uma revisão detalhada sobre o tema. Segundo os autores, há evidências de que a microbiota intestinal se comunica com o sistema nervoso central (SNC) por meio de diferentes vias, influenciando diretamente a saúde mental, incluindo a depressão (Foster e McVey Neufeld, 2013; Morais et al., 2021; Simpson et al., 2021).

Como o intestino se comunica com o cérebro?

O sistema nervoso central e o sistema nervoso entérico (SNE) estão em constante troca de informações. O cérebro envia sinais para o intestino que regulam o apetite, o metabolismo e a digestão. Por outro lado, um intestino desequilibrado pode enviar ao cérebro sinais inflamatórios e prejudicar a absorção de medicamentos psiquiátricos, essenciais para o tratamento da depressão.

Pesquisas em animais mostraram que ratos com maior presença de ácidos graxos de cadeia curta e bactérias intestinais benéficas lidavam melhor com o estresse. Já estudos em humanos diagnosticados com depressão identificaram diferenças na composição da microbiota intestinal entre pessoas com e sem a doença.

A reposição de probióticos – conhecidas como “bactérias boas” – pode auxiliar no tratamento da depressão, desde que seja feita no momento adequado e com orientação médica ou nutricional.

O papel dos ácidos graxos de cadeia curta

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), produzidos pelas bactérias intestinais, desempenham um papel fundamental na saúde mental. Eles contribuem para a produção de serotonina – o neurotransmissor do bem-estar – e ajudam a fortalecer a barreira hematoencefálica, protegendo o cérebro contra inflamações e outras doenças.

Como cuidar do intestino e melhorar a saúde mental?

Para fortalecer a comunicação entre o intestino e o cérebro, algumas mudanças na rotina podem ajudar:

✔️ Manter uma alimentação equilibrada, rica em fibras e alimentos naturais;
✔️ Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, como biscoitos, bolos industrializados, cereais matinais e caldas açucaradas;
✔️ Evitar o excesso de gordura saturada na dieta;
✔️ Utilizar medicações conforme orientação médica;
✔️ Praticar atividade física regularmente, o que também contribui para a saúde intestinal.

Por fim, se você tem sentido dificuldades para lidar com suas emoções e pensamentos, procure apoio profissional. Médicos, enfermeiros e psicólogos podem ajudar. Se necessário, busque atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Você não está sozinho, e há caminhos para melhorar sua saúde mental!