Equipamentos convexos: qual é sua utilidade e como proporcionar o ajuste correto

Por: Iara F. Reinaldin
Enfermeira estomaterapeuta HOLLISTER

Nem todos os pacientes com estomia sabem o que realmente significa e porque são indicados os equipamentos com convexidade, mesmo aqueles estomizados de longo tempo. A convexidade é a curvatura da barreira de pele, e foi desenhada para interagir diretamente com a pele periestomal – a pele em volta da estomia.

Barreiras convexas promovem um bom ajuste entre o equipamento e a pele periestomal onde barreiras planas não seriam bem-sucedidas. Isso acontece porque a convexidade da barreira empurra a pele, nivela suas dobras e faz o estoma se projetar mais para fora da pele, facilitando com que o efluente (fezes ou urina) entre na bolsa coletora e evitando uma possível infiltração das fezes por baixo da barreira de pele, o que poderia evoluir para uma dermatite.

É sabido que o ajuste correto de um equipamento coletor é prioridade para qualquer pessoa que vive com estomia, pois proporciona qualidade de vida e maior facilidade quanto ao retorno às atividades diárias de antes da cirurgia da construção de estoma. Uma avaliação simples, feita por um enfermeiro estomaterapeuta, pode ajudar a determinar se há a necessidade de um equipamento convexo. Vários fatores são observados durante essa avaliação para indicação de convexidade, como:

  • A consistência do efluente estomal;
  • Se a abertura do estoma está no nível ou abaixo do nível da pele;
  • Se a abertura do estoma está ou não descentralizada;
  • Se a altura do estoma é menor do que 20mm ou se está retraído abaixo da pele;

Em relação ao abdômen: se está plano ou globoso e se há presença de pregas e dobras cutâneas e complicações, como dermatite periestomal e prolapso (saída e descolamento mucocutâneo).

Para várias das condições descritas acima, a convexidade macia é a mais indicada. Quando o assunto é encontrar a melhor solução para os pacientes, a adaptação vem em primeiro lugar. E para obter resultados positivos, conforto e facilidade de uso são essenciais tanto no hospital quanto após a alta hospitalar. Priorizando isso, a Hollister desenvolveu a barreira de pele CeraPlus ™Soft Convex (uma e duas peças), indicada para a maioria dos casos que foi projetada, a fim de oferecer  ao  mesmo tempo  convexidade e flexibilidade, proporcionando  um ajuste adequado do equipamento independentemente do formato do corpo.

Para maiores informações, a Hollister oferece atendimento individualizado feito por enfermeiras estomaterapeutas pelo suporte personalizado QualiVida, que tem abrangência Nacional. Entre em contato pelo telefone 0800 778 1000 ou pessoalmente na sede da APO todas as segundas-feiras, entre 14h e 17h.

A saúde em seu conceito mais amplo

Por Glória Marcondes
Enfermeira estomaterapeuta e assessora técnica da Casex

A palavra “salutogênese” significa origem da saúde. É um termo cunhado por Aaron Antonovsky para designar a busca das razões que levam alguém a estar saudável. Este conceito foi oposto ao vigente na época (anos 60 do século XX) de patogênese, que significa “origem das doenças”. É, portanto, colocar o foco no que traz saúde e bem-estar. A partir de uma estrutura cognitivo-emocional-social, são os elementos internos que auxiliam a pessoa na superação das dificuldades que surgem na sua vida.

A palavra está relacionada à questão da espiritualidade como cultivo interno, à qualidade de vida e sanidade e à resiliência do indivíduo diante dos desafios. Resiliência humana é a capacidade de o indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente frente às adversidades.

Tornar-se uma pessoa ostomizada, por exemplo, não é uma escolha de vida, mas uma condição aceita e necessária para contornar um problema de saúde. A pessoa com estomia pode encarar essa nova condição com otimismo e promover uma reconstrução pessoal mais ampla, ou desanimar e sucumbir frente ao desafio, trancar-se em casa, evitar o contato com amigos e parentes, etc.

Reunir-se em associações traz muitos benefícios e está em afinidade com o conceito de salutogênese. As trocas de experiências e cuidados específicos são salutares. Encontrar meios de superar problemas em conjunto é mais fácil do que individualmente. Lazer e momentos de descontração são excelentes para a saúde. Aprender em grupo sobre as condições de saúde favoráveis é muito interessante, pois a dúvida de um serve para mais pessoas. Sem contar que apesar de os dispositivos para pessoas com ostomia serem garantidos pelo governo e pelos planos de saúde privados, quando há um grupo de interesse há mais força para garantir as conquistas e gerar novas.

Para a salutogênese, são decisivas as seguintes questões:

• Como aprendo a lidar com qualquer situação na vida, mantendo a minha flexibilidade interior e exterior?

• Como posso tornar-me tolerante a frustrações e ao estresse, e estável no meu caráter?

Difícil encontrar as respostas. Certamente não será uma receita de bolo, pois terá a individualidade agindo. Inclusive, estar no grupo da APO pode fazer com que se consiga enxergar outra saída para uma questão semelhante na qual alguém a resolveu de outra maneira, ampliando visões e caminhos para resoluções de conflitos futuros.

Alimentação saudável e ingestão de água adequada, quantidade e qualidade de sono, encontrar familiares e amigos, conversar, passear, ter uma vida plena… Tudo isso é salutar e faz parte da salutogênese.

Neste final e início de ano, com as festas, confraternizações e férias, podemos curtir muito, aproveitar os momentos felizes e ao mesmo tempo cuidar para não cometer exageros, para nos mantermos tranquilos e em paz.

Os funcionários e a diretoria da empresa Casex desejam a todos que 2023 venha com possibilidades de alegrias, prosperidade, paz e muitas situações salutares!

* Artigo publicado no jornal da Associação Paranaense dos Ostomizados

Como viver com uma ostomia pode impactar na vida diária

Tradução e adaptação: SILVANA ZANETTE (Responsável técnica da Life Santé)

Estudo mapeia impactos da ostomia no dia a dia do paciente (Foto: Freepik)

Adaptar-se a uma vida com uma estomia intestinal ou urinária pode ser desafiador para muitas pessoas, bem como seus familiares e enfermeiros. Para tentar compreender esse dia a dia, um estudo conduzido por Angie Perrin (enfermeira estomaterapeuta e clinical lead e innovation da Salts Healthcare) e por um grupo de enfermeiros que trabalham na área de cuidados de estomias no Reino Unido, avaliou as dificuldades diárias das pessoas que vivem com uma estomia.

O estudo buscou entender as necessidades e desejos desses pacientes, a forma de adaptação aos novos desafios e a diferentes ambientes, e os impactos de uma estomia ao bem-estar físico, psicológico e social do indivíduo.

A metodologia utilizada foi a fenomenológica, ou seja, a busca da interpretação do mundo através da vivência do ostomizado, tendo como base suas experiências.

Para obter uma compreensão mais profunda da rotina diária dos participantes, o estudo foi dividido nas seguintes áreas:

Ficar longe de casa

Permanecer longe de casa pode gerar ansiedade pelo receio de ocorrer vazamentos, por estar em ambientes desconhecidos e distantes do conforto doméstico e pela preocupação em descartar a bolsa sem causar constrangimentos.

Viagens

Viajar parece causar ansiedade na maior parte das pessoas, pois independentemente do meio de transporte, o cuidado com o estoma e o esvaziamento ou troca da bolsa geram apreensão.

Cuidados com o estoma

Algumas pessoas relataram não terem dificuldade no cuidado diário com o estoma; já outros mencionaram que não havia problema em discutir ou demonstrar suas rotinas a outras pessoas. Porém ficou evidente que a maioria é exigente nesses cuidados e não gosta de alterar sua rotina devido à ocorrência de ansiedade.

Sono

Praticamente todos os participantes relataram que o sono era “interrompido” cotidianamente, pois havia a preocupação com a necessidade de esvaziamento e aumento dos gases e receio de que houvesse vazamento ou descolamento da bolsa. A percepção é de que as pessoas ostomizadas tinham dificuldade para obter uma boa noite de sono.

Roupas

Muitos sentem a necessidade de mudar seu estilo ou optam por usar roupas mais confortáveis por cima da bolsa. A limitação na escolha do vestuário pode levar a um sentimento de frustração e irritação.

Esvaziamento da bolsa

A necessidade de esvaziar a bolsa com frequência e a falta de estrutura e higiene nos banheiros públicos são problemas que foram mais evidentes em pessoas com urostomia ou ileostomia.

Conclusão

Este estudo permitiu conhecer informações que fornecem uma percepção empática e uma compreensão de como pode ser a rotina de um ostomizado e como isso pode afetar a sua vida. Esse conhecimento pode influenciar a prática clínica e orientar na assistência, o que resultará em melhoria na qualidade do cuidado de pessoas que vivem com uma estomia.

Existe banheiro adaptado para as pessoas estomizadas, você sabia?

Por: FERNANDA AMARAL
Enfermeira Programa Celebrar – B. BRAUN

Pessoas com estomia requerem adaptações que são fundamentais para conseguirem realizar com tranquilidade suas atividades mais cotidianas. Com a necessidade da construção de um estoma, a pessoa passa por algumas novas adaptações em sua rotina; uma dessas adequações são os banheiros adaptados para estomizados – ambiente que passa por algumas modificações práticas para atender as novas necessidades do paciente. Porém ainda não encontramos esse tipo de adaptação com facilidade, principalmente em ambientes públicos.

O banheiro para pessoas estomizadas atende os indivíduos que têm a necessidade de realizar a higienização ou troca de sua bolsa coletora. Nele, a bacia sanitária tem uma altura próxima à linha da cintura do paciente, não havendo necessidade de abaixar-se em um vaso convencional, o que evita alguns desconfortos.

Sobre as instalações sanitárias para estomizados, devem haver, por exemplo, ducha higiênica, lavatório para as mãos posicionado próximo ao vaso sanitário e espelho acima do vaso sanitário para inspeção das condições gerais do estoma. O vaso sanitário normal ou infantil deve contar com anteparo seco e sistema de descarga, com altura equivalente ao abdômen das pessoas estomizadas (ou seja, a cerca de 80 centímetros do chão para o descarte do conteúdo das bolsas coletoras de fezes e urina). Deve também trazer detalhes sobre a instalação de lixeiras, fixação de suporte de papel higiênico e ajustes arquitetônicos, como também deve conter a inserção do Símbolo Nacional da Pessoa Estomizada junto ao Símbolo Nacional da Pessoa com Deficiência.

A instalação de banheiro para estomizados deve ser observada por estabelecimentos públicos como rodoviárias, aeroportos, cinemas, igrejas, postos de saúde, hospitais, shoppings, centros comerciais e supermercados. No Brasil, a construção de banheiros públicos adaptados está prevista na Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004, mais precisamente em seu artigo 22. Mas infelizmente é possível encontrá-los em poucos estados e municípios. Precisamos, portanto, divulgar ainda mais esse importante recurso para que seja cada vez mais uma realidade para um número maior de ostomizados brasileiros.