Gazeta do Povo publica matéria com presidente da APO

Luiza Helena falou sobre a superação da ostomia a um dos maiores veículos impressos do Paraná.

Confira a matéria na íntegra

11.01.2012
Caderno Saúde (Eu superei)
Bolsas que conseguem devolver a vida Dâmaris ThomaziniNos tempos em que se dedicava às atividades de artesã, com as mãos ocupadas entre as agulhas e linhas de bordado, há 12 anos, Luiza Helena Ferreira Silveira, sabia vagamente o que eram pessoas ostomizadas. Mas a luta contra um câncer fez com que ela se aproximasse desta deficiência e vivesse na pele essa realidade.Os ostomizados são pacientes que passaram por uma cirurgia para a abertura de um orifício (ostoma) no corpo. Esta passagem – de aparência vermelho-vivo como a mucosa da boca – comunica o interior do organismo com o exterior para entrada de ar e de alimentos ou para eliminação de necessidades fisiológicas.

Diagnosticada com câncer no reto aos 44 anos e com risco de a doença se espalhar para os pulmões e o fígado, a artesã foi amputada e perdeu o reto e o sigmóide – parte que liga o intestino grosso ao reto. Desde então, ela passou a conviver com a condição de colostomizada e utiliza a todo o
momento uma bolsa que armazena os dejetos do organismo.O preconceito é o principal problema para os ostomizados, segundo Luiza Helena. “Temos histórias de familiares que discriminam o ostomizado. As pessoas acham que manipulamos os próprios dejetos, o que não é verdade”, diz, lembrando que ninguém está livre de ser portador desta deficiência.

Na época do câncer, sua maior motivação para vencer os desafios de ser portadora de ostomia era poder ver a chegada de seu terceiro neto. “Fiz um pacto com Deus para que Ele, pelo menos, permitisse que eu conhecesse meu neto, nascido depois da cirurgia”, conta Luiza, que é mãe de quatro filhos e avó de cinco netos. “Usar a bolsa para sempre não era o que mais me preocupava: eu queria me curar do câncer e ter chances de viver mais tempo. Nessa situação, você prefere usar uma bolsa a morrer.”

Para viver melhor com a ostomia, Luiza precisou alterar alguns hábitos, principalmente em sua dieta. “Passei a consumir alimentos que prendem o intestino para não passar por situações desagradáveis”, explica ela.

Pessoas nesta situação não têm controle sobre o esfíncter – músculo capaz de controlar a eliminação das necessidades fisiológicas. Assim, o intestino e o sistema urinário funcionam independentes da sua vontade.

Hoje, aos 56 anos, ela ainda se dedica ao bordado, mas divide o tempo com as responsabilidades da presidência da Associação Paranaense de Ostomizados (APO) – instituição que há 21 anos apoia os portadores desta deficiência. “É gratificante ajudar as pessoas a perceberem que elas podem viver melhor mesmo com a ostomia. Esta é uma deficiência não aparente. Se não revelarmos, ninguém sabe que somos ostomizados”, afirma ela.

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